Quantidade de raios pode aumentar até 30% em MT

O setor mais prejudicado é o elétrico (60%), além das telecomunicações, indústria e o cidadão comum

A maioria dessas ocorrências acontece entre a primavera (33%) e o verão (43%)


  Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020  

Em Mato Grosso, 126 pessoas morreram vítimas de descarga elétrica atmosférica entre os anos de 2000 e 2019.

Esta quantidade coloca o Estado entre as unidades da Federação com maior número de óbitos registrados no país, onde cerca de 78 milhões de raios caem anualmente.

A maioria dessas ocorrências acontece entre a primavera (33%) e o verão (43%).

No Estado, a previsão é de que o registro deste fenômeno cresça entre 10% a 30% até o fim do verão, em março de 2021. Entre os motivos estão as altas temperaturas.

Além disso, de acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a quantidade de raios se amplia quando aparece o fenômeno La Niña, que é o resfriamento das águas do oceano Pacífico equatorial em relação a temperatura média.

O La Niña está previsto para permanecer pelos próximos meses podendo trazer chuvas com granizo, rajadas de vento e maior número de descargas elétricas, que causam prejuízos da ordem de R$ 1 bilhão ao ano.

O setor mais prejudicado é o elétrico (60%), além do ramo das telecomunicações e o industrial, bem como o cidadão comum com a possível queima de aparelhos eletrônicos ou eletrodomésticos.

Em nível nacional, foram 2.194 mortes ao longo dos últimos 19 anos, conforme os dados do Elat. São Paulo lidera o ranking com 327 vítimas fatais no mesmo período.

Depois, vêm Minas Gerais (175), Pará (162), Rio Grande do Sul (147), Mato Grosso do Sul (138), Amazonas (133), Goiás (123), Paraná (114) e Maranhão (107). Somente em 2019, foram 67 óbitos (dado preliminar).

“A cada 50 mortes no mundo por raios, uma ocorre no Brasil”, informa.

Ainda no Estado, o município com maior incidência é Araguainha (563 km a Leste de Cuiabá) com 30,88 raios por quilômetros quadrados anuais (densidade de descargas).

Depois, vem Alto Taquari (469 k ao Sull) com 29,64. Também apresentam expressiva concentração Alto Araguaia (29,44), Guiratinga (25,77), Alto Garças (23,32) e Itiquira (20,26). Em Cuiabá, são 13,00 descargas por quilômetros quadrados anualmente.

Neste ano, um dos casos emblemáticos foi registrado em janeiro passado, quando um ciclista, de 14 anos, foi atingido por um raio na cabeça. O fato ocorreu nas proximidades da MT-222, zona rural de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá).

Devido às circunstâncias, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e um militar à paisana realizou os primeiros atendimentos na vítima como a reanimação cardiopulmonar. Encaminhado em estado grave para uma unidade hospitalar, o adolescente sobreviveu.

Os dados do Elat mostram também que 82% das vítimas são do sexo masculino e 18% feminino.

Em se tratando da faixa etária 24% dos casos ocorrem entre 20 e 29 anos, 18% entre os 30 e 39 e 14% dos 40 aos 49 anos.

Entre as principais circunstâncias das fatalidades, 26% ocorrem na área rural durante atividades agropecuárias, por exemplo; e 21% dentro de casa, em momentos como ao telefone, encostado ou próximo aos aparelhos conectados às tomadas, próximo às janelas ou portas.

Outros 9% na água ou mar e embaixo de árvores, respectivamente. Os casos também ocorrem em áreas descampadas, como campos de futebol, envolvendo pessoas sem meio de transporte às margens de rodovias ou próximas de cercas ou varal. Contudo, a chance de uma pessoa ser atingida por um raio é algo em torno de 1 para 1 milhão.

Mas, a prevenção continua sendo o principal meio para evitar mortes ou ferimentos graves provocados por raios.

Quando não leva a óbito, a corrente elétrica pode causar sérias queimaduras e outros danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, através de aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas.

A extensão dos danos depende sobre a intensidade da corrente, as partes do corpo afetadas, as condições físicas da vítima, e as condições específicas do incidente.

Entre as recomendações estão não sair para a rua ou não permaneça na rua durante tempestades, a não ser que seja absolutamente necessário.

Nestes casos, procure abrigo nos seguintes lugares, como carros não conversíveis, ônibus ou outros veículos metálicos não conversíveis; em moradias ou prédios.

Evitar usar telefones, locais como campo de futebol, estacionamentos abertos e árvores isoladas.


  Digoreste News, com Diário de Cuiabá  


Nenhum comentário