Parque Sesc Serra Azul é pioneiro na utilização da técnica de semeadura direta


Bastante difundida em outros países, a semeadura direta, uma técnica onde sementes e não mudas são plantadas diretamente na área a ser restaurada, tem ganhado cada vez mais espaço, principalmente em Mato Grosso. Chamada de “muvuca”, o mix de sementes nativas é lançado ao solo e faz crescer florestas semelhantes à vegetação original nas áreas que precisam de proteção.

Por meio da iniciativa do projeto “Caminhos da Semente”, com apoio do Instituto Socioambiental (ISA) e da Partnerships For Forests (P4F), a técnica vem sendo implementada no Estado, incluindo uma área do Parque Sesc Serra Azul, unidade do polo Socioambiental Sesc Pantanal, em Rosário Oeste. Nesta quarta-feira (11.03), o Parque vai receber a visita de profissionais que vão poder verificar in loco o avanço da técnica.

“A semeadura direta começou como uma alternativa para conseguir suprir a demanda por reflorestamento e o projeto Caminhos da Semente trouxe a experiência para o Parque Sesc Serra Azul, para que pudéssemos contribuir para a formação de uma base de dados mais sólida sobre o plantio direto de sementes”, explica o engenheiro florestal do Sesc Pantanal Henrique Sverzut Freire de Andrade.

Segundo ele, o Parque Sesc Serra Azul contribuiu fornecendo dados ao projeto, que em contrapartida restaurou 1,6 hectares da área. “Toda equipe recebeu treinamento sobre semeadura direta e todos foram envolvidos no plantio. Hoje, já podemos avaliar que na área mais alagada poucas espécies tiveram sucesso, enquanto na área mais seca as pequenas árvores já emergem do solo”, ressaltou.

A técnica oferece vantagens em comparação ao plantio feito com mudas, que demanda mais tempo e recursos. A semeadura direta recuperar áreas destinadas à conservação da biodiversidade, produzindo árvores com raízes bem desenvolvidas, troncos mais retilíneos e com alta resistência a secas. Para  cada tipo de bioma e fitofisionomia existe uma combinação adequada de sementes. Não são somente sementes de espécies nativas que são plantadas. Também há diversas espécies que se encarregam de recobrir e melhorar a condição do solo.

“O feijão-de-porco e outras leguminosas, por exemplo, são predominantes nesta primeira fase, crescem primeiro, impedem o crescimento do capim exótico e atraem os predadores, permitindo que a germinação das demais sementes aconteça com sucesso”, aponta o engenheiro florestal.

As sementes são oriundas de áreas naturais e coletadas em grande parte por povos da floresta: indígenas de diversas etnias, agricultores familiares e quilombolas. Há 10 anos, a coleta de sementes têm sido uma forma de contribuir com a renda mensal de centenas de famílias e tem integrado ainda mais as comunidades tradicionais aos ecossistemas em que estão inseridas.

De acordo com dados da iniciativa, atualmente a técnica está sendo empregada com sucesso em florestas da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, além de formações campestres no Cerrado e Caatinga.

“A parceria com a iniciativa é mais uma representação da abertura que o Sesc Pantanal tem para pesquisas e iniciativas que contribuam para a conservação da biodiversidade no Cerrado e também no Pantanal”, enfatiza a superintendente do polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano.

Regeneração natural do Cerrado

O Parque Sesc Serra Azul também realiza uma experiência com a utilização de gado para o controle do capim exótico e isso tem gerado resultados positivos há pelo menos 3 anos e meio. O gado consome e reduz a biomassa e a densidade de gramíneas exóticas.

A reintrodução foi realizada sob orientação de não se fazer nenhum controle das plantas regenerantes. Desde 2015 não há nenhum tipo de roçada nas pastagens do local. “Estamos realizando o monitoramento de parcelas permanentes em meio às pastagens. O número de plantas nativas com mais de meio metro de altura chega a ser 12 vezes maior nas áreas com o gado do que sem ele. Ou seja, uma experiência que funciona bem até o momento”, justifica.

Além de se mostrar uma técnica de recuperação em larga escala, com baixo custo e que ainda confere receita, a manutenção do gado tem mais uma vantagem relevante para o bioma Cerrado. Diferentemente de gramíneas nativas, gramíneas exóticas apresentam um crescimento de biomassa aérea muito intenso, o que em tempos de seca se torna combustível para incêndios que podem alcançar proporções desastrosas, superando a capacidade de resistência de muitas espécies do Cerrado.

“O gado controla o capim exótico e a regeneração natural tem tomado conta do Parque”, conclui o engenheiro florestal Henrique Sverzut, esclarecendo que a técnica é empregada por tempo limitado.




DigoresteNews/Abnews

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