Diretor de Alexandre de Moraes que removia perfis de Bolsonaristas em 2022, ganhou cargo de Haddad, após a vitória de Lula.
Ex-assessor de Moraes, Tagliaferro, apontou em depoimento hoje que havia 'um mutirão de perseguição à direita'
Quarta-feira, 24 de setembro de 2025
Em depoimento nesta quarta-feira (24) à Subcomissão Especial Sobre o Combate à Censura da Câmara dos Deputados, o ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, Eduardo Tagliaferro, revelou que Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda e braço direito do ministro Fernando Haddad, participou de um esquema de censura no TSE.
Após a revelação, o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que solicitou a presença de Tagliaferro na oitiva, destacou a conexão política delicada apresentada pelo ex-assessor: Durigan, na época, era diretor da Meta no Brasil e participava de uma estrutura paralela e informal de controle e derrubada de conteúdo nas redes sociais, especialmente durante o período eleitoral, em 2022.
“Só pra confirmar: Um diretor que participou dessa estrutura de censura pra derrubar perfis de direita, depois da vitória do candidato deles, conseguiu um cargo no atual governo?”, perguntou Gayer.
Tagliaferro confirmou: “Sim, é o Dario Durigan”.
Segundo o ex-assessor, plataformas como Meta (Facebook e Instagram), Google, YouTube e Telegram participavam de reuniões com o TSE, onde eram pressionadas a cumprir rapidamente ordens de remoção de conteúdos, sob ameaça direta de serem bloqueadas em todo o território nacional.
“As empresas de rede social e software de comunicação participavam constantemente. Sempre era pedido uma certa celeridade. Às vezes, o ofício nem passava pelo canal oficial; enviávamos diretamente a contatos de diretores para atender aos pedidos do ministro Alexandre de Moraes o quanto antes”, afirmou.
Tagliaferro detalhou que havia contatos pessoais com diretores de plataformas, com quem os assessores do gabinete de Moraes se comunicavam diretamente, fora dos canais institucionais. Segundo ele, havia ameaças claras de derrubada das plataformas caso as ordens não fossem atendidas com a rapidez exigida.
“Eles eram ameaçados, inclusive, com a derrubada da própria plataforma em todo o território nacional”, disse.
Servidores do TSE atuavam informalmente em censura de conteúdo
As revelações não param por aí. Tagliaferro também citou a participação de servidores que não faziam parte oficialmente do gabinete do ministro, mas enviavam diretamente perfis de redes sociais para remoção, sem qualquer respaldo formal.
Outro caso citado foi o de Adair Izaguiar, à época secretária de transporte do TSE, que, segundo o depoente, enviava diretamente para o WhatsApp de Tagliaferro listas de perfis e mensagens para análise e posterior remoção.
“Ela não tinha ligação com o gabinete ou com a presidência do TSE, mas mesmo assim mandava os perfis. De onde vinha a autoridade dela? De conta própria”, afirmou.
Além de Adair, Tagliaferro mencionou que outros envolvidos participavam da estrutura paralela:
“Virou um mutirão de perseguição à direita”, resumiu o ex-assessor.

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