(CRIME) Dezenas de Jacarés são encontrados mortos com os rabos cortados no Pantanal
A cauda do jacaré-do-pantanal é a única parte do corpo do animal aproveitada na culinária, quem não conhece, acha que está comendo peixe.
Quarta-feira, 06 de outubro de 2021
Cerca de 32 jacarés foram encontrados mortos em dois pontos distintos do Pantanal, em Mato Grosso. Os bichos estavam no Corixo do Leme, que dá acesso à baía Siá Mariana, em Barão de Melgaço, e também na Ilha do Piraim, na divisa do município com Poconé (110 km ao Sul de Cuiabá).
Os animais silvestres estavam com os rabos cortados. O caso é investigado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), que encaminhou a equipe para verificar a situação. A fiscalização esteve no dia 29 de setembro passado, no Corixo do Leme, para apurar as denúncias dando conta que os bichos teriam sido abatidos alguns dias antes da vistoria.
Esse fato acabou por impossibilitar o reconhecimento dos autores do crime. Em junho passado, nove jacarés já haviam sido encontrados mortos na região de Porto Jofre. Na ocasião, a Sema informou que as mortes teriam sido provocadas por visitantes.
PESQUISA - Pesquisadores do projeto “Caiman”, com apoio da Sema, vão avaliar as condições de saúde e a presença de doenças entre os jacarés do Pantanal mato-grossense. A equipe fará a coleta de material durante 20 dias. Conforme a coordenadora de Fauna e Recursos Pesqueiros da Sema, Neusa Arenhart, a análise identificará patógenos por meio de amostras sanguíneas e necropsias.
A análise será feita em vários pontos da Estrada Parque Transpantaneira, localizada em Poconé. Segundo a Sema, o “Caiman” é uma iniciativa do Instituto Marcos Daniel, do Espírito Santo, e visa a pesquisa e conservação das populações da espécie jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), símbolo da Mata Atlântica.
Caso é parecido com crimes registrados no MS
A 60 dias, moradores da região denominada Passo do Lontra, no interior do Pantanal do Mato Grosso do Sul (310 km de Campo Grande), denunciaram a constante morte de jacarés no Rio Miranda, efeito da caça predatória e da falta de fiscalização.
Desde o fim do ano passado a população encontrava carcaças espalhadas por uma estrada de terra que liga o distrito à cidade de Corumbá. Segundo ambientalistas, os animais da espécie jacaré-do-pantanal (Caiman Yacaré) são mortos a tiros e têm a cauda cortada com facão.
“Alguns exemplares são atingidos com pedaços de pau na cabeça e sofrem, ainda vivos, a mutilação na cauda. Depois são jogados agonizando na estrada e não sobrevivem ao ferimento”, afirmou Angelo Rabelo, da organização ambiental Instituto Homem Pantaneiro.
Rabelo, que é ex-comandante da Polícia Ambiental na região de Corumbá, afirma que a mortalidade de jacarés é efeito da pesca predatória e do turismo ilegal na região pantaneira.
“São pessoas que vão até a região para pescar de forma ilegal. A caça dos jacarés é na verdade uma forma ‘de diversão’”, descreve Rabelo. Segundo ele a cauda do jacaré-do-pantanal é a única parte do corpo do animal aproveitada na culinária. “Quem não conhece, acha que está comendo peixe. Essa curiosidade fomenta a procura pelos animais”, disse.
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