Aluguel com vencimento em setembro será reajustado em 31%

Índice responsável pelo reajuste dos contratos de locação vigentes no Brasil perdeu ritmo ao subir 0,66% em agosto, aponta FGV


 Segunda-feira, 30 de agosto de 2021 

O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), indicador responsável pelo reajuste da maioria dos contratos de aluguel vigentes no Brasil, perdeu ritmo, mas manteve a tendência de alta e saltou 0,66% neste mês de agosto, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (30), pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Apesar de alta mensal corresponder a uma desaceleração em relação ao avanço de 0,78% registrado em julho, o indicador acumula ganhou de 31,12% no acumulado dos últimos 12 meses, percentual que será usado para reajustar as locações com vencimento no mês de setembro. No ano, o IGP-M acumula alta de 16,75%.

Significa dizer que os inquilinos que pagam atualmente um aluguel de R$ 1.300 terão que desembolsar R$ 1.573,44 (+R$ 373,44) todos os meses para continuar morando no mesmo imóvel. Para evitar o peso no bolso, especialistas recomendam a renegociação com o proprietário do imóvel.

Para André Braz, coordenador dos índices de preços do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), a desaceleração do IGP-M seria mais forte sem os impactos da pior crise hídrica dos últimos 91 anos enfrentada pelo Brasil.

"Para os produtores, as culturas afetadas pela estiagem, como milho (-4,58% para 10,97%) e café (0,04% para 20,98%) registraram forte avanço em seus preços. No âmbito do consumidor, o preço da energia, para a qual é esperado novo reajuste em setembro, registrou alta de 3,26%, sendo a principal influência para a inflação ao consumidor", aponta Braz.


Reajuste pelo IPCA

Diante da diferença entre os indicadores, algumas imobiliárias já passaram a utilizar a inflação oficial para reajustar os novos contratos de aluguel. O tema é defendido por um grupo de entidades que representam lojistas de diversos segmentos que entraram com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a alteração.

Uma proposta de mudança também foi apresentada na Câmara pelo deputado Vinicius Carvalho (Republicanos-SP), mas esbarra no interesse dos shoppings e de financeiras que administram fundos imobiliários.

O governo também é contra a proposta de mudança por avaliar que ela estabelece uma "interferência indevida do Estado". A avaliação é de que o uso do IPCA para os reajustes causaria muita judicialização, grande parte dos contratos não seriam renovados, e o preço médio da locação tenderia a subir.

O cálculo do IGP-M leva em conta a variação de preços de bens e serviços, bem como de matérias-primas utilizadas na produção agrícola, industrial e na construção civil. Por isso, a variação é diferente da apresentada pela inflação oficial, que calcula os preços com base em uma cesta de bens determinada para famílias com renda de até 40 salários mínimos.



Digoreste News com Agência Brasil

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