Ex-mulher acusou Bolsonaro de furtar 800 Mil reais e 30 mil dólares em cofre de banco

Processo de 500 páginas protocolado em 2008 pela segunda ex-mulher de Bolsonaro também mostra que ele teria ocultado patrimônio


A advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, acusou o presidenciável de furtar um cofre de um banco, de ocultar patrimônio e de receber pagamentos não declarados.

O documento, obtido pela reportagem, foi protocolado em abril de 2008 pela segunda esposa de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, em meio a uma separação litigiosa.

A disputa entre o casal foi além da guarda do filho Jair Renan, então com 10 anos, que já tinha tido detalhes revelados. Neste outro processo, o tema era a demanda de Ana por uma partilha justa de bens.

No processo, que tem mais de 500 páginas, a advogada afirma também que Bolsonaro ocultou patrimônio pessoal da Justiça Eleitoral em 2006, quando foi candidato a deputado federal. Na ocasião, ele declarou bens que somavam, na época, R$ 433,9 mil. Ana Cristina, no entanto, apresentou outra relação de bens e a declaração do Imposto de Renda do ex-marido que citavam a propriedade de mais três casas, um apartamento, uma sala comercial e cinco lotes. Os bens, em valores de hoje, somariam mais de R$ 7,8 milhões.

Foram quatro as acusações principais. A primeira é que Bolsonaro teria ocultado patrimônio em sua declaração oficial para a Justiça Eleitoral em 2006, quando foi candidato a deputado federal (e venceu).

Ana Cristina relatou ainda no processo, que o ex-marido recebia "outros proventos" que faziam sua renda mensal alcançar cerca de R$ 100 mil (valores da época), embora recebesse, como deputado, salário de R$ 26,7 mil e, como militar da reserva, mais R$ 8,6 mil. A advogada não detalhou a origem de tais "proventos".

O processo também inclui alegações de “comportamento explosivo” e “desmedida agressividade” de Bolsonaro que teriam sido motivo da separação, segundo ela.

A principal disputa era sobre um roubo. Ana acusou Bolsonaro de furtar US$ 30 mil e mais R$ 800 mil (R$ 600 mil em joias e R$ 200 mil em dinheiro vivo) de um cofre em uma agência do Banco do Brasil, caso registrado em boletim de ocorrência no mesmo dia do furto (26 de outubro de 2007). O caso foi registrado em um boletim de ocorrência na 5ª Delegacia de Polícia Civil


Alberto Carraz, gerente do BB e amigo de Bolsonaro, confirmou apenas que o conteúdo sumiu. A investigação não deu em nada e acabou arquivada; Ana foi chamada a depor duas vezes e não foi.

Ocorria em paralelo uma outra disputa judicial, pela guarda do filho Jair Renan, levado por Ana para a Noruega em 2009.

Bolsonaro acusou a ex-mulher, no processo de partilha, de sequestrar o filho como forma de chantagem para receber de volta o conteúdo do cofre.

A anexação deste depoimento levou ao acordo sobre a partilha de bens nos termos acordados por Ana, assim como o retorno do filho do exterior.

Foi revelado em seguida, documentos do órgão relatando que Ana disse ao vice-cônsul brasileiro na Noruega ter sido ameaçada de morte por Bolsonaro, o que teria motivado sua saída do Brasil; a narrativa foi confirmada por pessoas que conviveram com ela na Noruega na época.

Ana, que usou o sobrenome Bolsonaro em 2018 concorreu a deputada federal pelo Podemos, se reaproximou do ex-marido e passou a negar as acusações feitas por ela, e considerar “superado” o caso da Noruega.

“Quando você está magoado, fala coisas que não deveria”, se justifica em relação ao processo. Sobre as joias, disse: “era coisa minha, que juntei. Coisas do meu ex-marido, joias que ganhei do Jair”.

Sobre não ter ido depor, ela diz que não se lembra e que ficou quieta na época: “Não me sentia à vontade. Iria dar um escândalo para ele e para mim. Deixei para lá”.

Ela disse que tinha um acordo com Bolsonaro para abrir mão de qualquer apuração “porque não seria bom”, mas não deu mais detalhes. 

Depois que tudo foi resolvido, todos sabem o que aconteceu:

Ana comprou 14 Imóveis, parte deles, em dinheiro vivo. 



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