Nunca houve tanta cobra em Brasília - Em sete dias, 32 serpentes

O Ibama do DF resgatou 32 serpentes em sete dias


Ao que parece, a tão esperada mudança na Capital Federal  tem tido rumos não esperados. Enquanto na política mudou-se muitos personagens para as práticas de costume, ganha destaque o aumento de serpentes que habitaram a cidade, dando azes de deboche no território que já foi a esperança dos brasileiros. 

A história inusitada de um jovem picado por uma naja no Distrito Federal, na semana passada, chamou a atenção do país. O caso desencadeou outras ocorrências após denúncias e até a sensibilização de pessoas que criavam cobras de forma ilegal a entregarem os animais voluntariamente. Desde quarta-feira, 8 de julho, 32 serpentes foram resgatadas pelo Ibama. Em ações integradas com as polícias do DF e órgão ambiental local, outros animais exóticos também foram localizados, como tubarões e lagartos.


Entenda as ocorrências:

Quarta, 8 de julho

Após o acidente com o estudante na terça-feira, 7, os órgãos ambientais e a polícia iniciaram as buscas pela naja. O amigo do jovem picado informou aos policiais que havia deixado o animal em uma área próxima a um shopping de Brasília. Encontrada, a serpente foi levada ao Zoológico.

Da espécie kaouthia, de origem dos continentes asiático e africano, a naja possui um dos venenos mais mortais do mundo. Como não é nativa do Brasil, o país não costuma produzir soro antiofídico de espécies exóticas.


Quinta, 9 de julho

Após denúncias, a Polícia Militar do Distrito Federal chegou a um haras, em Planaltina (DF), onde outras 16 cobras eram mantidas de maneira inadequada. Destas, dez eram exóticas, de origem norte-americana, e seis nativas da Amazônia e do cerrado.

O dono do espaço será multado em R$ 68 mil, aproximadamente, por dificultar a ação dos fiscais, maus-tratos e por manter animais nativos e exóticos sem autorização. Encaminhadas ao Zoológico, algumas apresentaram sinais de maus-tratos, como desidratação e machucados.

Como o fato mostrou ligação com o jovem picado pela naja, este também responderá pelas 16 cobras. Ao todo, o estudante será multado em mais de R$ 61 mil, por maus-tratos e por manter serpentes nativas e exóticos em cativeiro sem autorização.  A mãe e o padrasto também serão multados, em R$ 8500 cada, por terem dificultado a ação de resgate.

Ainda será multado pelo Ibama um amigo do estudante, em R$ 81.300, por dificultar a ação do instituto, manter animais nativos e exóticos em locais inapropriados e sem autorização, além de maus-tratos.


Sexta, 10 de julho

O Ibama e a Polícia Civil do DF atuaram em outra ocorrência. Desta vez, em uma residência na região administrativa de Vicente Pires, onde estavam seis serpentes: duas jiboias arco-íris da caatinga, duas da espécie píton (Ásia) e duas jiboias de Madagascar (África). Agora, estão sob os cuidados do Zoológico de Brasília. No mesmo local, uma jiboia nativa do cerrado e um lagarto do tipo teiu foram encontrados, mas o dono apresentou a documentação dos animais.

O ambiente, onde todos os bichos foram encontrados, foi considerado inadequado. Por isso, o responsável foi multado por maus-tratos, no valor total de R$ 12 mil. Pelas serpentes mantidas de forma ilegal, o homem foi multado em mais R$ 27 mil. A casa ainda abrigava três tubarões do tipo bambu, espécie oriunda de países da Oceania, além de um peixe moreia. O Ibama aguarda a apresentação de documento sobre a origem deles nesta semana. Caso contrário, o responsável também será multado em R$ 2,6 mil por manter animal exótico sem autorização. 

Outro caso - Com a repercussão das apreensões dos últimos dias, um homem que criava em casa duas cobras peçonhentas, jararacuçu, da Mata Atlântica, e víbora-verde-de-vogel (Ásia), entregou as serpentes espontaneamente ao Ibama. Os animais estão de quarentena no Zoológico.


Sábado, 11 de julho

O Ibama e a polícia foram até a residência do pai do amigo da vítima da naja, no Guará (DF), onde apreenderam uma jiboia arco-íris (que pertencia à vítima), peles de jiboia e de cobra surucucu, penas de arara canindé e carapaça de tatu. A investigação apontou que o homem tem participação nos fatos. As multas imputadas a ele vão chegar a R$ 33.500.

No sábado também houve uma entrega voluntária de duas jiboias arco-íris, do cerrado brasileiro, duas cobras rat snakes, de origem norte-americana, e um lagarto gecko, oriundo do Oriente Médio ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais (Cetas-DF), do Ibama, Com exceção das jiboias, que serão devolvidas à natureza nos próximos dias, os demais ficarão sob a guarda provisória do instituto até a definição do destino.


Terça, 14 de julho

Uma mulher que criava uma cobra jiboia, em Samambaia (DF), decidiu entregá-la voluntariamente ao Ibama, que foi até à residência para buscar o animal. Ela não foi penalizada, já que entregou a serpente de forma espontânea.

No mesmo dia, o Ibama apoiou uma ação do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram), em uma casa na região de Sobradinho (DF). Foram apreendidos uma jiboia, um jabuti e um tigre d'água, todos foram levados ao Cetas. O responsável foi multado pelo órgão local.


Destinação

Os animais encaminhados ao Zoológico de Brasília passaram por exames clínicos e estão sob quarentena. Enquanto isso, o Ibama fará consulta a instituições habilitadas para verificar o interesse em recebê-los, a exemplo do Instituto Butantan (SP). Caso algum Zoológico que tenha serpentário queira a guarda das cobras, pode entrar em contato com o Ibama. O instituto reforça que não tem a intenção de sacrificar os animais.

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