Imprensa internacional repercute aumento rápido no desmatamento da Amazônia

Matéria lembra que, essas atividades aumentaram em tempos de Covid-19 porque Bolsonaro é a favor da abertura da Amazônia à agricultura comercial


O Jornal holandês Nederlandsdagblad, um dos maiores do país, publicou matéria nessa segunda-feira (11) com o título: O desmatamento da Amazônia está aumentando rapidamente: 'nosso território ainda está sendo invadido'

A matéria diz que:
Enquanto o Brasil se preocupa principalmente com o coronavírus, madeireiros e garimpeiros ilegais aproveitam a oportunidade para saquear a floresta amazônica. Nos primeiros quatro meses do ano, 55% mais terrenos foram destruídos em comparação com o mesmo período do ano passado.

O desmatamento ilegal na floresta amazônica aumentou novamente este ano.

Isso é relatado pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e Planejamento Espacial (INPE), com base em imagens de satélite.

Entre 1º de janeiro e 30 de abril, foram destruídos um total de 1202 quilômetros quadrados da floresta tropical. As coisas foram particularmente rápidas em abril, quando 405 quilômetros quadrados foram destruídos, um aumento de 64% em relação a abril de 2019.

"Nosso território ainda está sendo invadido por lenhadores e caçadores", disse à reportagem Laercio Guajajara, membro da tribo indígena Guajajara no estado do Maranhão. Apesar da crise do coronavírus, que atingiu o Brasil com força, Guajajara diz que há "muitas invasões".

Os recordes já foram quebrados no ano passado: entre agosto de 2018 e julho de 2019, o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 29,5%, o maior percentual em dez anos. A floresta tropical é alvo de atividades ilegais de exploração e mineração. Sob o atual presidente Jair Bolsonaro, essas atividades aumentaram. Bolsonaro é a favor da abertura da Amazônia à agricultura comercial, a fim de impulsionar a economia do país.


Menos polícia ambiental

De acordo com organizações de conservação, o atual aumento no corte ilegal de madeira se deve principalmente à menor mobilização de agentes pelo Ibama, a polícia ambiental brasileira.

No final de março, Olivaldi Azevedo, então chefe do departamento de proteção ambiental, disse à Reuters que a pandemia de coronavírus significava que ele poderia enviar menos guardas de campo. Ele estimou que um terço da força de trabalho do Ibama é formado por pessoas com 60 anos ou mais. "Não posso expor esse grupo de pessoas em risco ao vírus dessa maneira", disse ele.

A aplicação de leis ambientais na Amazônia continuaria sendo a principal prioridade do Ibama, enfatizou Azevedo. Para impedir a propagação do COVID-19, os guardas de campo optam, tanto quanto possível, pelo transporte terrestre em vez de aéreo. Na floresta amazônica, que é de 60% no Brasil, isso pode significar que eles levam dias para chegar a um destino.

Além disso, a influência do Ibama vem diminuindo nos últimos anos. Embora a exploração ilegal de madeira e incêndios florestais tenha aumentado, trinta por cento menos multas foram emitidas no ano passado em comparação com 2018, de acordo com um estudo da BBC. 

A organização ambiental sofre com falta de pessoal e falta de dinheiro. Dados do governo mostram que o orçamento do Instituto encolheu um quarto desde a posse de Bolsonaro em janeiro de 2019.


faturar

Na semana passada, o presidente decidiu enviar as forças armadas entre 11 de maio e 10 de junho para interromper o aumento do desmatamento ilegal. Ambientalistas e tribos indígenas duvidam se essa medida será bem-sucedida. Eles argumentam que "invasores" na floresta tropical podem fazer uso grato da crise da coroa, porque o foco do governo está em outro lugar. "Os invasores acham que podem entrar em reservas indígenas por causa da agenda do governo", disse Ivaneide Bandeira, da organização de conservação Kanindé, ao The Guardian. "COVID-19 é a capa e a desculpa."

Os críticos também se preocupam com um projeto de lei que oferece às pessoas a oportunidade de comprar terras ilegalmente apropriadas a um preço baixo. O Congresso deve ter tomado uma decisão sobre a proposta até 19 de maio. 

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