SALA DE AULA COMO IGUALADOR SOCIAL

  ARTIGO  


  Cuiabá,- MT, 28 de Abril de 2020  

  FRANKES MARCIO BATISTA SIQUEIRA.  

Se existe um ambiente onde a igualdade social está presente, esse é a sala de aula. E é simples de explicar, pois nesse ambiente os alunos recebem as mesmas informações, com o mesmo material humano e didático, e em tese são avaliados de forma isonômica .

Na escola se aprende uma outra forma de pensar, agir, se comportar e colocar em prática a responsabilidade social. No entanto, o efeito do Corona vírus tem derrubado essa que é uma das únicas ferramentas assertivas como igualador social.

Nos tempos de distanciamento social, cresce a corrente de pais e educadores que defendem a ideia de uma repetência generalizada, pois a cada dia o retorno as aulas parece ainda mais distante, e tudo por conta do medo do desconhecido. Na minha visão, uma repetência total poderia estigmatizar os jovens estudantes de 2020, causando problemas emocionais em uma geração já fragilizada emocionalmente. 
Contrário a isso, acredito que a saída seja a transformação dos modelos de aprendizagem como desafio para as instituições de ensino, em encontrar formas de analisar os alunos com menos recursos para que os mesmos continuem aprendendo.

Nesse desafio, o papel central cabe novamente a nós professores, pois somos nós que devemos agir como mentores desses jovens, mesmo que a distância. Se não agirmos pro ativamente em auxilio aos jovens, teremos salas de aula muito discrepantes no retorno à normalidade, com alunos que tiveram um enriquecimento intelectual graças ao apoio das famílias, contrastando com jovens desmotivados que não conseguiram avançar intelectualmente. 

Andreas Scheleicher responsável pelo relatório PISA – que mede o nível de conhecimento dos alunos de 75 países em ciências, matemática e literatura – afirmou na última semana ao jornal El País que “ o custo social do fechamento das escolas é dramático e a lacuna de desigualdade vai aumentar”.  

A solução para mitigar tal previsão é envolver as famílias, e aí teremos um foço separando ainda mais as pessoas, pois as famílias que tem um poder aquisitivo maior, poderão compensar com cursos e aulas extracurriculares, o que dificilmente acontecerá com as famílias de menor renda. Nessa equação a pergunta que fica é: Como os governos irão assegurar uma educação de qualidade para todos?

Aponto aqui duas saídas que poderão auxiliar na resolução desse gravíssimo problema, que é tão devastador como o ataque pandêmico. Uma primeira saída é o investimento maciço em plataformas de aprendizagem a distância, como na China por exemplo, que está investindo em tecnologias que atendem cinquenta milhões de alunos simultaneamente para que mesmo com o distanciamento, haja a possiblidade de aprendizagem.  

Uma segunda saída é a questão colaborativa entre os professores, e novamente cito o exemplo chinês onde os profissionais da educação não estão se limitando apenas a orientar que os alunos usem as plataformas, mas estão se comunicando diariamente com os alunos para entender suas necessidades e os que não tem acesso a internet, recebem o material didático organizado pela escola.
O ensino online é crucial para o futuro, e o envolvimento em conjunto dos docentes será imprescindível para uma educação de qualidade. Entendo que temos que respeitar a autonomia dos professores, mas neste momento precisamos mais do que nunca fomentar a cultura colaborativa e não esperar as instruções dos governos. Os líderes de cada escola precisam se conectar aos professores de diferentes comunidades a fim de que se alcance o sucesso, pois o futuro do nosso país depende da educação, e as escolas de hoje serão a economia de amanhã.


FRANKES MARCIO BATISTA SIQUEIRA. 
Doutor em Cultura contemporânea e professor.

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