Mas, cade o dinheiro que estava aqui no meu palanque?
Sopa de letrinhas é FDD diante do STF
Cadê o dinheiro que estaria aqui no meu palanque? Quem vai pagar os cantores, já que discurso ninguém vai querer ouvir? Como é que vou comprar votos, já que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a doação de empresas para as campanhas? Cadê a grana da Odebrecht e da JBS se as empresas não podem mais pagar a minha conta?
O jeito, então, é o Fundo Especial de Financiamento da Democracia (FDD). Só o nome já irrita. Sendo assim, melhor que o próprio relator da reforma política, Vicente Cândido (PT-SP), explique: “Os parlamentares calculam que um dos instrumentos para alavancar o mandato e trabalhar pela reeleição é ter emendas”.
Pare entender e deixar mais claro, depois da Odebrecht e da JBS, os empresários nem por fora, nem em caixa 2 vão querer contribuir para as campanhas dos nobres parlamentares, diante dos Moros espalhados país afora que seguem o exemplo do juiz da Operação Lava-Jato. Doações de empresas agora são proibidas. É daí que vem o “ter emendas” para a reeleição.
E tem ainda outro “problema” para os nobres deputados e senadores, embora as emendas parlamentares individuais, pelo menos este ano, não serão bloqueadas. Mas as de bancada, de R$ 6 bilhões, caíram pela metade. Já no ano que vem, logo no eleitoral, não seria bem assim. Faltou combinar com o presidente Michel Temer (PMDB), que ouviu a voz prudente do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Basta o trecho da Agência Brasil, é, a do governo: “Foram vetados trechos relativos a emendas parlamentares individuais ou de bancada estadual. Um deles possibilitava às despesas administrativas decorrentes dessas emendas obter recursos próprios ou tirados das respectivas emendas. O dispositivo foi vetado porque deixa dúvidas de onde o dinheiro virá. Caso ele não venha das emendas aumentaria a despesa do governo”.
Por isso os nobres políticos trabalham tanto (quem diria, né?) para aprovar o tal FDD, um fundo composto por recursos equivalentes a 0,5% da receita corrente líquida. Quem pagará a conta de gasto extra, óbvio que em anos eleitorais, será você, meu caro leitor. É dinheiro público do mesmo jeito das tais emendas.
Então, basta uma frase de sexta-feira do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), falando a empresários: “Gera uma sinalização equivocada na sociedade, mostra que a política não quer dar soluções concretas para o futuro, mas para hoje”.
Diante da falta de “soluções concretas para o futuro”, basta por hoje. Afinal, é domingo, o dia tão lindo. É, não tem jeito, virou repetição, mas tem mais, dia da missa ou do culto. Adianta não. Nem rezando a atual política vai mudar.
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