Peão laçou um pequeno avião que dava rasantes numa fazenda em Santa Maria-RS

Conheça a história do Gaúcho que laçou um avião há 65 anos.


Digoreste News em História Real

Um peão de estância laçar um avião “pelas guampas”, em pleno ar, parece lenda, mas é fato. Isso aconteceu em janeiro de 1952. Foi numa fazenda, nas proximidades da Base Aérea de Camobi, em Santa Maria. O autor da façanha, Euclides Guterres, então com 24 anos. O piloto do “Paulistinha”, o jovem Irineu Noal, 20 anos. Ambos já falecidos.

Quando cuidava de uma novilha doente, Euclides notou que um pequeno avião dava rasantes sobre as coxilhas, aproximando-se cada vez mais de onde estava. O peão, achando que aquilo era brincadeira ou algum tipo de provocação, não teve dúvidas: armou o laço de 13 braças e quatro tentos e o atirou em direção ao bico do teco-teco, acertando o alvo.


A reconstituição montada pelo repórter fotográfico Ed Kefell

Foto: REPRODUÇÃO / O CRUZEIRO

Por estar preso na cincha do arreio sobre o cavalo, o laço, com o impacto, arrebentou na presilha e seguiu pendurado no avião. O piloto, assustado, tratou de pousar na pista da base aérea. Longe do hangar, retirou o laço e o escondeu no meio das macegas. No dia seguinte, um instrutor notou que a hélice do aparelho estava rachada. Pressionado, o piloto confessou o acontecido.

O peão Euclides Guterres, aos 24 anos, autor do feito que repercutiu mundialmente

O comandante do aeroclube procurou o jornalista Cláudio Candiota (1922-2012), diretor de A Razão, e contou a história, mas pediu para não divulgá-la, “para não causar prejuízo à imagem do estabelecimento sob sua responsabilidade”. O jornalista comentou: “Deixa comigo. Vou tornar este aeroclube famoso em todo o mundo”. Não só deu a notícia no seu jornal como no Diário de Notícias, de Porto Alegre, e telefonou para a revista O Cruzeiro. Esta, na mesma semana, mandou seu melhor fotógrafo, o gaúcho Ed Keffel, a Santa Maria, onde reconstituiu o episódio e o estampou em cinco páginas, amplamente ilustradas. Com circulação de mais de 700 mil exemplares, a reportagem de Cláudio Candiota repercutiu na imprensa mundial. A notícia saiu até na Time americana. “Eu não fiz por maldade. Foi pura brincadeira. Para falar a verdade, não acreditava que pudesse pegar o aviãozinho pelas guampas num tiro de laço”, confessou Euclides Guterres

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