Brasileiros da flotilha presos em Israel não têm previsão de soltura, e 4 estão em greve de fome.
Ativistas de países europeus onde os presidentes se pronunciaram já retornaram à Europa. Lula ainda não se pronunciou.
Domingo, 06 de outubro de 2025
O Itamaraty tem uma segunda visita marcada nesta segunda-feira (6) aos 13 brasileiros que participavam da flotilha Global Sumud, alegando que tentavam levar ajuda humanitária a Gaza, e foram presos por Israel. O grupo está na prisão de Ktzi'ot, no deserto de Negev, perto da fronteira com o Egito, e quatro membros da delegação estão em greve de fome.
Segundo membros da chancelaria ouvidos pela Folha, até a tarde deste domingo (5) não havia previsão de soltura dos brasileiros. Eles já passaram por uma primeira audiência. Membros do Itamaraty em Israel realizaram uma primeira visita aos brasileiros na sexta-feira (4), que durou mais de oito horas.
A assessoria da flotilha afirmou, em um comunicado divulgado neste domingo (5), que quatro membros da delegação brasileira estão em greve de fome: Thiago Ávila, João Aguiar, Ariadne Telles e Bruno Gilga. A organização também disse que os detidos estão privados de tratamento médico essencial e de medicamentos.
Ávila, ainda segundo o comunicado, anunciou na audiência com autoridades de Israel que não beberia nem água até que os ativistas presos conseguissem as medicações necessárias.
A flotilha era composta por 41 barcos e mais de 400 pessoas de diversas nacionalidades, dos quais ao menos 170 já foram deportados.
Mara Conti Takahashi, mãe da vereadora de Campinas Mariana Conti (PSOL), que participou da missão e está presa, defende que o presidente Lula (PT) se pronuncie publicamente sobre o episódio e peça agilidade no processo dos brasileiros, algo que já está demorando acontecer.
"Ativistas de países europeus onde os presidentes se pronunciaram oficialmente já foram deportados e já retornaram à Europa. Então, eu peço ao presidente Lula que ele se pronuncie oficialmente", diz ela à Folha.
O ativista Nicolas Calabrese também pediu que o governo brasileiro adote uma postura mais firme para libertar os integrantes da missão detidos por Tel Aviv. Ele chegou a Milão neste sábado (4). Ele vive no Brasil há mais de dez anos, mas nasceu na Argentina e tem cidadania italiana, por isso, sua passagem para a Turquia, a primeira parada após a saída da prisão, foi custeada pelo consulado da Itália em Israel, segundo a Adalah.
O ativista afirma que, nos três dias em que ficou detido, não pôde se comunicar com familiares e amigos, e que os agentes israelenses agiram com muita violência contra todo o grupo, inclusive apontando armas para os integrantes da missão. "Passamos mais de 20 horas sem alimentação durante a interceptação, e passamos uma humilhação muito grande quando chegamos ao porto."

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