Ícone do Cinema, da moda e protetora dos animais, considera que a esquerda tornou a França "triste, doente, danificada, devastada, ordinária e vulgar..."
Terça-feira, 30 de setembro de 2025
"A liberdade é ser você mesmo, mesmo quando incomoda", declara Brigitte Bardot no prólogo do livro "Mon BBcédaire", no qual ela dá sua opinião, muitas vezes incisiva, sobre o mundo em definições escritas à mão.
Em "Mon BBcédaire", um trocadilho entre abecedário e as iniciais da famosa atriz, Bardot escreve algumas linhas, com sua própria caligrafia, sobre palavras selecionadas, lugares e personalidades que conheceu.
De acordo com a editora Fayard, que publica a obra que chegará às livrarias da França na quarta-feira (1º), trata-se de "uma imersão na personalidade de uma mulher que marcou sua época por sua independência, engajamento e audácia".
Da "A" de abandono ao "Z" de zoológico, Bardot, de 91 anos, desdobra conceitos e nomes que a marcaram.
A atriz declara seu amor por Jean-Paul Belmondo, um "cara formidável, ator genial, engraçado e corajoso", mas opina que Alain Delon "carrega em si o melhor e o pior".
Sobre Marcello Mastroianni, afirma que, além de "encantador", era "um bom ator, embora não fosse genial ou contasse com uma autêntica personalidade inesquecível".
No erotismo, a intérprete, descoberta no filme "E Deus Criou a Mulher", vê "jogos de amor onde tudo é permitido com imaginação, perversidade obscura e malícia amorosa".
Também menciona a famosa cidade de Saint-Tropez, onde comprou uma casa, "La Madrague", e lamenta que este "lindo pequeno vilarejo de pescadores" tenha se tornado "uma cidade de milionários onde já não se reconhece nem um pouco seu charme".
A ativista defensora dos animais também considera que a França se tornou "sombria, triste, submissa, doente, danificada, devastada, ordinária, vulgar...".
A direita é o "único remédio urgentíssimo para a agonia" de seu país, acrescenta a artista, que declarou sua afinidade com a política de extrema direita Marine Le Pen.
Bardot, muito discreta na imprensa, publicou em 1996 suas memórias, "Iniciais BB"
Um pouco sobre Brigitte Bardot
Brigitte Anne-Marie Bardot (Paris, 28 de setembro de 1934), frequentemente referida também por suas iniciais "B.B.", é uma ex-atriz, ex-modelo e ativista francesa.
Famosa por interpretar personagens emancipados e hedonistas, ela é considerada um dos maiores símbolos sexuais dos anos 1950 e 1960. Ícone de popularidade e figura feminina entre o final dos anos 1950 e início dos anos 1970, Bardot tornou-se mundialmente conhecida em 1957, após protagonizar o polêmico filme E Deus Criou a Mulher, trabalho que a catapultou a um nível de fama internacional até então inédito para uma atriz de língua estrangeira atuando fora de Hollywood.
Bardot causava histeria na imprensa internacional e era uma das poucas atrizes não americanas de sua época que recebiam grande atenção da mídia dos Estados Unidos, onde surgiu o termo "Bardot mania" para qualificar a adoração que ela despertava. Seus cabelos longos e loiros, bem como seu jeito de se vestir e o seu estilo de vida hedonista, tornaram-se mania entre as mulheres e influenciou toda a moda e o comportamento das gerações rebeldes das décadas de 1950 e 1960.
Ela foi eleita pela revista TIME um dos cem nomes mais influentes da história da moda e também uma das dez atrizes mais belas da história do cinema por uma pesquisa realizada na Inglaterra em 2009, enquanto a Los Angeles Times Magazine a listou como a segunda mulher mais bonita do cinema de todos os tempos.
A atuação de Bardot no filme "E Deus Criou a Mulher" (1956) e o impacto de sua personagem tiveram uma influência significativa na cultura e no modo de ser das mulheres no mundo.
A atriz era tão famosa que, onde ela aparecia, sua presença era marcada pela completa histeria coletiva dos fotógrafos e jornalistas presentes, onde os paparazzi e jornalistas se empurravam e gritavam seu nome tentando fotografá-la.
Bardot anunciou o fim definitivo de sua carreira em meados de 1974, pouco antes de completar 40 anos. Quando questionada, ela disse que estava cansada da insdústria cinematográfica e que encerrar sua carreira aos 39 anos era uma forma de "sair elegantemente".
Nas décadas seguintes, ela recusou inúmeros convites para voltar a atuar, incluindo uma oferta de 1 milhão de dólares para estrelar um filme ao lado de Marlon Brando, e ao longo dos anos têm negado propostas e proibido muitos diretores de realizar filmes sobre sua vida.
Proteção aos animais
Em 1983, ela conseguiu que os países europeus proibissem a importação de peles e produtos derivados de caça às focas após uma reunião no Conselho da Europa. A partir de então, a caça experimentou um declínio acentuado. De fato, 20.000 focas foram abatidas em 1985 contra 200 000 em 1981. Em 1992, BB adquiriu uma nova propriedade em Eure, na região da Alta Normandia, que, assim como sua casa em Saint-Tropez, serve como santuário para animais maltratados e é financiada por sua fundação.
No final dos anos 1990, a cantora Madonna ofereceu 3 milhões de francos franceses para interpretar Brigitte Bardot numa adaptação ao cinema de seu livro autobiográfico Initials BB, lançado em 1997. Mas Bardot proibiu a iniciativa, alegando que Madonna usava casacos de pele.
Em 2002, por ocasião da Copa do Mundo FIFA, ela convocou um boicote aos produtos sul-coreanos a fim de protestar contra o consumo de carne de cães e gatos na Coreia do Sul e outros países da Ásia, chegando a receber ameaças de morte: “Recebi 7 000 cartas com ameaças de morte. Eles estão furiosos com minhas críticas e me disseram que essa prática faz parte de sua cultura. Comer cachorro não faz parte da cultura, é grotesco. Cultura é compor música, como fez Mozart, ou construir edifícios”, disse ela em entrevista na época, que também afirmou não ter medo das intimidações.
Política, controvérsias e processos
Em novembro de 1961, a Organisation Armée Secrète (Organização Armada Secreta), uma facção terrorista e paramilitar que praticava atentados na Argélia e na França continental, ameaçou em carta aberta sequestrar Brigitte Bardot e explodir a Torre Eiffel.
Em resposta, Bardot acusou os membros da OAS de serem nazistas e ameaçou deixar a França pois não queria viver em um país de nazistas. A segurança precisou ser reforçada durante meses no apartamento que Brigitte tinha em Paris na época e também na casa de sua família.
Em 1962 a atriz tentou levar uma vida mais calma em Saint-Tropez, mas acabou frustrada. Quando se mudou para sua nova casa as margens do Mediterrâneo, mesmo sem querer, ela arrastou consigo uma horda de paparazzi, fãs e curiosos, que transformaram a pequena vila em um badalado local durante o verão europeu.
A casa de Bardot virou então um ponto turístico, caravanas com turistas navegavam até o local diariamente na tentativa de vê-la ou apenas para conhecer sua famosa propriedade. Durante os anos 1960, jornais e revistas de fofocas alugavam alguns dos imóveis mais próximos de La Madrague e muitos jornalistas até acampavam próximo a casa de Bardot na tentativa de flagrar qualquer passo dela.
Em 1963, ela obteve uma excepcional (e paga) autorização, permitindo a construção de muros estendendo os limites de seu terreno até a beira d'água, formando assim uma mini praia particular, a fim de resguardar sua intimidade, principalmente à vista dos paparazzi. Houve muitas tentativas de invasão da propriedade e certa vez um dos seguranças tentou abusar dela.
Atualmente, Bardot ainda mora em La Madrague, uma propriedade isolada e muito particular em Saint-Tropez, que ela possui desde o início dos anos 1960 e ainda hoje atrai fãs e curiosos para as redondezas. Ela mora com seu marido Bernard D'Ormale e muitos animais que resgatou das ruas e de abrigos. Ela sofre de artrose desde meados dos anos 2000 e ao longo das décadas se recusou a passar por qualquer tipo de procedimento estético
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