No mesmo dia que Lula protege condenada por corrupção, Alexandre de Moraes solta narcotraficante


 Quinta-feira, 01 de maio de 2025 

O Brasil já havia se tornado um país exportador de corrupção quando, durante os anos do Petrolão, a Odebrecht e outras empreiteiras brasileiras corromperam políticos e presidentes de mais de doze países, especialmente na América Latina. Com a anulação em série da Lava Jato, conduzida por Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli no Supremo Tribunal Federal (STF), o Brasil passou a exportar também impunidade, já que Toffoli passou a anular provas usadas em processos em outros países. Nas últimas 48 horas, o governo Lula e o STF confirmaram, aos olhos do mundo, o status do Brasil como paraíso e porto seguro para corruptos, narcotraficantes e criminosos internacionais de todo tipo.

Primeiro, veio a notícia de que a Justiça do Peru condenou o ex-presidente Ollanta Humala (2011–2016) e sua esposa, Nadine Heredia, a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro qualificada, em razão do recebimento de propinas tanto do ditador venezuelano Hugo Chávez quanto da Odebrecht. O dinheiro, como era de se esperar, foi usado para financiar as campanhas eleitorais de Humala em 2006 e 2011, de forma idêntica ao que o PT fazia no Brasil: custeando campanhas bilionárias com dinheiro desviado da Petrobras. Humala já está preso e, com a nova condenação, deve permanecer na cadeia até, pelo menos, 2039.

Lula e o STF transformaram oficialmente o Brasil em um paraíso e porto seguro para criminosos internacionais – que agora estão em casa. Em pouco tempo, eles serão tratados como cidadãos de bem. E você, brasileiro, será o criminoso

Além dele, outros dois ex-presidentes do Peru também foram presos por envolvimento na Lava Jato, enquanto um quarto chegou a se suicidar após receber ordem de prisão relacionada ao mesmo caso. A história do Peru, portanto, vinha sendo escrita de forma bastante diferente da nossa: lá, como nos Estados Unidos e Suíça, corruptos e lavadores de dinheiro desbaratados pela Lava Jato foram devidamente punidos e responsabilizados, enquanto aqui no Brasil todos, sem exceção, estão livres, leves e soltos – desfrutando do dinheiro roubado, de volta ao poder ou ensaiando um retorno à política. Como sempre aconteceu, aliás, ao longo da história brasileira.

Foi então que o governo brasileiro, comprometido com a exportação da impunidade, resolveu intervir para salvar o pescoço da esposa de Humala, a ex-primeira-dama Nadine Heredia. Após a condenação, Nadine correu para a embaixada brasileira em Lima, na última terça-feira, onde pediu asilo diplomático. Ela não se refugiou na embaixada dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França, do Japão ou da Coreia do Sul: foi justamente à embaixada do país presidido por um político em situação idêntica à sua – um presidente condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, também por ter recebido propinas da Odebrecht e de outras empreiteiras. Nadine foi ao local onde sabia que sua impunidade estaria garantida.

E quem a aconselhou? Finja surpresa: o advogado de Nadine é ninguém menos que Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas – mais conhecido como “clube da impunidade”. Esse grupo, fundado por Marco Aurélio, lulista declarado, atualmente aparelha o governo Lula com mais de 28 cargos de alto escalão, que vão desde o Ministério da Fazenda até os Correios e a Controladoria-Geral da União (CGU). Marco Aurélio, que certamente deve estar atuando de graça, pro bono, para Nadine, é também um amigo pessoal de Lula. Quem insinuar que Marco Aurélio está sendo pago a peso de ouro para defender a corrupta Nadine só pode estar sendo maldoso. Seria maldade também imaginar que o que o grupo sempre buscou foi poder e dinheiro.

Mas a história não terminou aí: após Nadine solicitar asilo político à embaixada brasileira em Lima, Lula – o grande amigo de Marco Aurélio e cheio de gratidão pelo apoio “desinteressado” do Prerrogativas durante a Lava Jato – enviou um jatinho da FAB para buscá-la no Peru e trazê-la ao Brasil. Aqui, Nadine provavelmente será recebida por Lula, Janja e outros membros do governo petista, paparicada, confortada e acolhida no reino da impunidade que o Brasil se tornou. Será coberta de flores e elogios pela esquerda progressista e pelo jornalismo militante, que denunciará a “perseguição política” dos maldosos lavajatistas peruanos.

O fato de que a viagem só de ida de Nadine ao Brasil foi paga por todos nós – brasileiros que assistimos com cara de palhaço a uma corrupta internacional chamar o Brasil de “lar” – nem merece destaque. A essa altura, já estamos acostumados: sempre somos nós que pagamos a conta. E Nadine não foi a única a aproveitar o paraíso brasileiro: no mesmo dia em que ela pedia asilo, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a soltura do búlgaro Vasil Georgiev Vasilev, narcotraficante internacional, que foi transferido para prisão domiciliar em retaliação à Espanha – país que havia solicitado sua extradição após ele ser flagrado transportando mais de 52 quilos de cocaína em malas por Barcelona.

Ou seja, em seu “chilique supremo”, Moraes tirou da cadeia um narcotraficante internacional e o mandou para casa, onde, sem qualquer vigilância estatal, poderá voltar a cometer toda sorte de crimes. E quem serão as vítimas? Nós, brasileiros. Não é difícil imaginar a rede de contatos que um homem como Vasilev possui no submundo do crime – organizações criminosas, traficantes, hackers, ladrões e mercenários internacionais, todos capazes de ajudá-lo a cometer novos crimes ou a fugir do país. Mas para que fugir se agora ele pode, confortavelmente em casa, montar um novo império criminoso aqui mesmo? E por que parar por aí, se pode convidar os comparsas para se juntarem à festa? A festa é aqui… a festa da impunidade!

Afinal, Lula e o STF transformaram oficialmente o Brasil em um paraíso e porto seguro para criminosos internacionais – que agora estão em casa. Em pouco tempo, eles serão tratados como cidadãos de bem. E você, brasileiro, será o criminoso.


Deltan Dallagnol
Deltan Dallagnol é mestre em Direito pela Harvard Law School e foi o deputado federal mais votado do Paraná em 2022. Trabalhou como procurador por 18 anos, atuando em várias operações no combate a crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Foi coordenador da operação Lava Jato em Curitiba. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião do Digoreste News.


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