Mandante da morte de Marielle fez campanha para Dilma, foi preso pela Lava Jato e foi beneficiado por Lewandowski

Operação contra a corrupção prendeu Brazão um ano antes do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes 


 Terça-feira, 23 de janeiro de 2024 

Blogs petistas publicam que o agora delator Ronnie Lessa apontou Domingos Brazão como mandante dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorridos em 14 de março de 2018 com a participação do miliciano.  

São os mesmos blogs petistas que demonizam a Lava Jato, que chegou a prender Brazão cerca de um ano antes, em 29 de março de 2017, durante a Operação Quinto do Ouro, desdobramento da força-tarefa anticorrupção no Rio de Janeiro.

Vereador, deputado estadual por cinco mandatos consecutivos (1999-2015) e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) eleito em 2015 pela maioria dos pares na Assembleia Legislativa fluminense (Alerj), ele foi alvo de mandado de prisão temporária, junto a quatro outros conselheiros, no âmbito de investigação de fraude e corrupção no tribunal. A operação teve como base a delação premiada de Jonas Lopes, ex-presidente do TCE, e também atingiu o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani.

Os conselheiros foram acusados de receber propinas em troca de vista grossa sobre desvios em obras no estado. As vantagens indevidas incluíam uma mesada de 70 mil reais para cada um, que seria paga pela Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor).


“Sempre evitou deixar rastros”

Na denúncia do Ministério Público Federal, Brazão foi descrito como a “pessoa que sempre evitou deixar rastros, em relação aos seus contatos e recebimentos ilícitos, buscando justificá-los com eventuais verbas em dinheiro vivo ‘supostamente’ advindas de suas empresas, bem como realizando diversas medidas de contrainteligência, com vistas a dificultar qualquer investigação sobre seus atos”.

Dados obtidos junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostraram movimentações atípicas em várias contas de Brazão, além de uma evolução patrimonial de 27% entre 2014 e 2016, período que abarca a saída da Alerj e sua entrada no TCE-RJ.

Apesar de tudo, Brazão não permaneceu na cadeia. O ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, revogou em 7 de abril de 2017 as prisões temporárias dos cinco conselheiros, alegando falta de pedido da Polícia Federal por novas diligências e estabelecendo que eles não poderiam deixar a cidade, deveriam entregar os passaportes em 24 horas e não poderiam ter contato com ninguém do TCE. Brazão seguiu afastado de sua função até março de 2023, quando a 13ª Câmara de Direito Privado determinou seu retorno ao tribunal por 2 votos a 1. Contudo, outro processo, em ação por improbidade, impediu-o de reassumir o cargo. Com uma base salarial de 30.471 reais, Brazão já havia recebido mais de 2 milhões de reias do estado, inclusive durante seu afastamento.


Mandato devolvido pelo atual Ministro da Justiça de Lula

O novo ministro da Justiça de Lula, Ricardo Lewandowski (foto), já devolveu o mandato legislativo de Domingos Brazão, suspeito de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco (PSOL).

Brazão, que foi deputado estadual no Rio de Janeiro e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral em 2011.

A cassação se concluiu apenas em outubro daquele ano.

Alguns meses antes, em julho, o Lewandowski, então ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, concedeu liminar mantendo mandato de Brazão, alegando que a Lei da Ficha Limpa não se aplicava às eleições de 2010.

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