Ameaças contra jornalista serão levadas ao MPF, à PF e à Comissão de Direitos Humanos

Jornalista revelou a existência de um esquema de fake news pró-Bolsonaro em uma plataforma da internet.


 Domingo, 5 de junho de 2022 

As ameaças de morte contra o repórter Lucas Neiva, do site Congresso em Foco, serão levadas ao conhecimento da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, ao Ministério Público e à Polícia Federal pelo deputado Fábio Trad (PSD-MS). Para o deputado, merecem ampla investigação os ataques dirigidos ao jornalista após ele revelar a existência de um esquema de fake news pró-Bolsonaro em uma plataforma da internet.

“Graves e hediondas as ameaças sofridas pelo jornalista do Congresso em Foco Lucas Neiva. Vou requerer à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal a adoção de providências urgentes porque o jornalismo brasileiro não pode ficar a mercê de delinquentes covardes que manipulam fatos e se escondem no anonimato para mentir impunemente”, disse o deputado ao Congresso em Foco.

Segundo ele, os órgãos devem impedir qualquer tentativa de intimidação ao exercício do jornalismo no país. “Além disso, o Ministério Público Federal deve intervir para que a Polícia Federal investigue de forma rigorosa essa abominável intimidação ao exercício da livre imprensa”, acrescentou.

As ameaças contra o jornalista foram feitas nesse sábado no site 1500chan.org, considerado o imageboard mais ativo do país. O imageboard, também chamado pelos usuários de chan, é um fórum anônimo em que internautas se comunicam sem qualquer tipo de identificação, não havendo distinção entre eles. Ataques a movimentos sociais, propaganda de extrema-direita, divulgação de conteúdo declaradamente racista e antissemita, bem como teorias de conspiração ocupam o topo das abas políticas desses sites.

“Parece que alguém vai amanhecer morto”, escreveu um dos usuários. “Eu ri do jornalista esfaqueado em Brasília e queria que acontecesse mais”, acrescentou outro no 1500chan. Nas mensagens também são tramados ataques à honra do repórter com fake news, em uma espécie de campanha de difamação.

Na reportagem publicada nesse sábado, o jornalista revelou que um usuário da plataforma se propõe a pagar com recursos próprios, em criptomoeda, a criação de conteúdo eleitoral em favor de Jair Bolsonaro que viralizar na internet. O anúncio vem acompanhado de instruções para fazer com que o conteúdo viralize, bem como do endereço de uma carteira de bitcoin para quem quiser doar para a campanha de fake news e uma orientação clara: o criador não precisa acreditar no que diz.

No 1500chan, o apoio a Jair Bolsonaro é absoluto. O anúncio para a produção de desinformação a favor do presidente não é único. Em outra publicação, o usuário sugere “fazer a esquerda sangrar”, e propõe montar uma biblioteca de material midiático para ser usado em favor do chefe de Estado, pois “a mídia de massa já mostra claramente que fará campanha contra o nosso presidente”.

Usuários do 1500chan destilam ódio contra jornalistas de maneira geral. Em troca de mensagens neste sábado, uma pessoa que se apresenta como Aristides Braga, “o maior propagador de fake news do Brasil”, defende o assassinato com requintes de crueldade de profissionais da imprensa.

“Fui o autor do blog Big Bosta Brasil 2022, e não vou parar com a distribuição de ódio. Todo jornalista deve ser estripado e afogado em seu próprio sangue enquanto todas as mulheres de sua família serem estupradas e mortas com requintes de crueldade. Jornalista tem mais é que ser arremessado ao mar com as mãos atadas nas costas.”


Nenhum comentário