Aumento da produção em Mato Grosso pode provocar queda no preço do ETANOL


 Quinta-feira, 07 de abril de 2022 

Após o etanol romper o patamar de cinco reais em março, atingindo R$ 5,17 nos postos de Cuiabá, capital de Mato Grosso, o biocombustível pode cair no decorrer deste ano e do próximo, devido ao aumento da produção das usinas no Estado entre outros fatores econômicos um pouco mais favoráveis.

Nessa semana já houve redução na bomba de combustível, saindo de R$ 5,17 e atingindo à mínima de R$ 4,49 o litro em um posto na avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, segundo levantamento do MT Econômico. A média encontrada hoje na capital é de R$ 4,75 o litro de etanol.

A queda de preço recente do etanol e a expectativa de redução do valor cobrado pelo litro ao consumidor nos postos, deve-se também à queda do dólar, estabilização da alta do petróleo e redução do ICMS sobre os combustíveis ocorrida recentemente em Mato Grosso.

É preciso considerar também, a questão entre oferta e demanda. “Teremos mais produção na próxima colheita e com isso, deve aumentar a oferta no mercado e consequentemente reduzir o preço do etanol”, segundo Silvio Rangel, presidente do Sindicato das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Sindalcool-MT).

No ano passado, os preços dos combustíveis, de um modo geral, foram impactados pelo aumento da cotação do barril de petróleo e a alta do dólar, que atingiu quase R$ 6,00. A geada e a seca também prejudicou muito os canaviais em São Paulo, que ainda é o maior produtor de etanol do país e isso influenciou a os valores praticados no mercado.

Outro fator que elevou o preço do etanol, foi a retomada das atividades no pós-pandemia, que aumentou o fluxo de veículos no trânsito e a demanda por combustível pelos motoristas, contribuindo para o preço do litro subir. Atualmente, cerca de 70% da frota de veículos no país é flex e costuma abastecer com etanol.


Expansão do setor

O setor sucroalcooleiro de Mato Grosso está em expansão na fabricação do etanol de milho, sendo uma alternativa encontrada para potencializar a tradicional transformação da cana-de-açúcar em biocombustível. Mato Grosso já é considerado o maior fabricante de etanol de milho do país.  

Algumas plantas produtivas de etanol de milho têm sido instaladas nos últimos anos em Mato Grosso, segundo publicações anteriores do MT Econômico.

O momento atual é oportuno para o setor, que estima aumento na produção de 500 milhões de litros de etanol em relação à safra anterior, provisionando 4,6 bilhões de litros do biocombustível para a safra 2022/23. Deste total, 3,6 bilhões de litros devem ser oriundos do etanol de milho, que já supera a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. Os dados são do Sindalcool-MT.

Como a matriz econômica do setor vem sendo modificada em Mato Grosso, isso tem gerado mais emprego e arrecadação ao Estado. “Quando exportamos milho, o Estado não arrecada ICMS, já com a produção industrial de etanol, DDG, Óleo e Energia, parte disso fica aqui internamente para o Estado poder investir em educação entre outras áreas”, disse Lhais Sparvioli, diretora executiva do Sindalcool-MT.

Segundo dados da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz-MT), o CNAE de fabricação de álcool representou 4,5% da arrecadação estadual, atingindo um crescimento de 77,5% entre 2020 e 2021. A arrecadação saltou de R$ 469,52 milhões em 2020 para R$ 833,21 milhões no ano passado.

Esse número mostra que a arrecadação do setor de etanol supera até mesmo a estimativa de investimento em infraestrutura da educação do Estado para 2022, que deve ser de R$ 700 milhões, segundo estimativa do poder executivo publicada na imprensa em março.

O setor de etanol em Mato Grosso também tem sido um bom gerador de oportunidades de trabalho. Até 2021, foram apurados 168,5 mil empregos no setor, considerando 10.774 diretos, 92.185 indiretos e 65.529 induzidos.


 Produção em Mato Grosso 

Veja abaixo o comparativo da estimativa da safra 2022/23 em relação à 2021/22 para o setor sucroalcooleiro de Mato Grosso:


Milho

Moagem: 8,35 milhões de ton. x 6,8 milhões de ton. (+22,79%)

Etanol: 3,59 bilhões de litros x 3 bilhões de litros (-16,6%)

DDG: 2,26 milhões de toneladas x 1,5 milhão de toneladas (+50,66%)


Cana

Moagem: 15,7 milhões de ton. x 15,4 milhões (+1,94%)

Etanol: 1,02 bilhão de litros x 1,07 bilhão de litros (-4,09%)

Açúcar: 473 mil toneladas x 451 mil toneladas (+4,9%)


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