Milton Ribeiro confirma à PF que Bolsonaro pediu para receber pastor


 Quinta-feira, 31 de março de 2022 

Senadores aprovaram convocação do ministro interino da Educação para que ele esclareça as denúncias de existência de um gabinete paralelo no MEC. O ex-ministro Milton Ribeiro não apareceu para depor. A ausência dele já era esperada, e foi criticada. 

“Eu acho que a maneira cortês, urbana, com que ele foi tratado, com que ele sempre foi tratado nesta comissão, não à essa presidência, mas à comissão, merecia dele pelo menos uma distinção, um telefonema, um e-mail justificando a sua ausência, e não ocorreu nada disso”, disse o senador Marcelo Castro (MDB-PI), presidente da Comissão de Educação.

Os senadores queriam esclarecer, por exemplo, a declaração de Milton Ribeiro de que o governo priorizava prefeituras que pediam recursos por intermédio do pastor Gilmar Santos, que não tem cargo no ministério.

Em áudio divulgado pelo jornal “Folha de S.Paulo” na semana passada, o ex-ministro diz que esse foi um pedido do presidente Bolsonaro.

“A prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar.”

Sem Milton Ribeiro, a comissão aprovou convites para ouvir quem pode esclarecer se o ex-ministro mantinha um gabinete paralelo no MEC comandado por dois pastores, que cobravam propina em troca da liberação de recursos da educação.

Na terça-feira (5), a comissão quer ouvir nove prefeitos que denunciaram a atuação dos pastores. Na quinta (7), os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Marcelo Ponte. Segundo as denúncias, Gilmar e Arilton negociavam o repasse de recursos do FNDE para as prefeituras.

Os senadores também querem ouvir o ministro interino da Educação, Vitor Godoy, mas ainda não há data marcada. Antes de substituir Milton Ribeiro, Godoy era o número dois do MEC.

Senadores governistas queriam que ele fosse convidado, quando a presença não é obrigatória.

No fim das contas, a comissão aprovou dois requerimentos, um de convite e outro de convocação. O primeiro a ser enviado será o do convite. Se Victor Godoy faltar, como fez Milton Ribeiro, ele estará automaticamente convocado.

A comissão também vai pedir à Controlaria-Geral da União e ao MEC informações sobre o caso. Há ainda outras frentes de investigação. Na Polícia Federal, no Tribunal de Contas da União e no Ministério Público Federal. Nesta quinta-feira, a Polícia Federal marcou o depoimento do pastor Arilton Moura. A data não foi informada.

O ex-ministro Milton Ribeiro prestou depoimento nesta quinta-feira (31) à tarde à Polícia Federal.

Milton Ribeiro prestou depoimento no inquérito aberto por determinação da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal. O ex-ministro negou que houvesse tratamento privilegiado aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura ou a existência de um gabinete paralelo dentro do MEC. Milton Ribeiro confirmou que o presidente Jair Bolsonaro pediu a ele para receber um dos pastores. Não negou a gravação em que fala sobre esse pedido de Bolsonaro, mas disse que as palavras foram tiradas de contexto.

No depoimento à Polícia Federal, o ex-ministro disse que o presidente Bolsonaro realmente pediu para que o pastor Gilmar Santos fosse recebido, porém, segundo Milton Ribeiro, “isso não quer dizer que o mesmo gozasse de tratamento diferenciado ou privilegiado na gestão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação ou do MEC”.

Milton Ribeiro disse ainda que não sabia que os pastores cooptavam prefeitos


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