PM que agride covardemente filho de ex-secretário já confessou ter matado e jogado homem do Portão do Inferno

 Em 2019 a ex-juíza Selma Arruda condenou o policial por tortura, mas o TJ anulou a decisão,  alegando incompetência  da magistrada para julgar o caso.


 Terça-feira, 21 de setembro de 2021 

O tenente-coronel da Polícia Militar, Sávio Pellegrini Monteiro, 38 anos, filmado agredindo de forma covarde um adolescente de 17 anos com dois socos no rosto nos corredores de um condomínio de luxo, no bairro Quilombo, em Cuiabá, já confessou em 2008, ter matado e jogado o corpo de um ex-presidiário no Portão do Inferno, localizado na MT-251 (Estrada da Chapada). 

Já em 2019, ele teve uma condenação por tortura anulada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), já que a então magistrada, Selma Arruda, foi considerada incompetente para julgar o caso.

Conforme os autos, em 2008, quando era tenente da Polícia Militar, Sávio Pellegrini confessou ter matado o ex-presidiário Edson Neves Rosa, 26, a tiros. Depois, conforme o próprio depoimento, a vítima foi colocada no porta malas do veículo de Sávio (Mercedez Classe A) e jogado do precipício conhecido como ‘Portão do Inferno’, na Estrada de Chapada.

O corpo de Edson foi localizado em decomposição na tarde do dia 13 de novembro de 2008 e retirado do local na manhã seguinte. O policial acompanhou a retirada dos restos mortais.

O motivo alegado para o crime pelo tenente, que estava lotado na Companhia PM Independente de Chapada dos Guimarães, era de que havia agido “de cabeça quente”, depois que Edson invadiu a casa dos pais dele durante um assalto, onde foi violento e agressivo com sua família, submetendo-os à tortura.

No depoimento, o oficial PM disse que agiu sozinho na oportunidade, quando flagrou o assaltante furtando um toca CDs de um veículo, em uma das ruas do bairro Consil. Edson já cumpriu pena por roubo e tinha passagens por furto.

A vítima estava acompanhada de uma mulher, que viu a execução. Além disto, outra testemunha teria visto o crime, anotado a placa do veículo e ligado para o Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc).

No ano seguinte, Pellegrini chegou a ser absolvido pelo Conselho de Disciplina da PM. Entretanto, à época, o então comandante da PM, coronel Benedito Campos Filho, avocou o processo e encaminhou ao governo do Estado (na época Blairo Maggi), com a recomendação da expulsão do policial após julgamento do processo no Tribunal de Justiça.

Os responsáveis pelo Conselho de Disciplina, que absolviam Pellegrini, também passaram a responder processo. O coronel entendeu que eles haviam "subvertido a própria lei" e a visão "míope" apontaria para a falta de necessidade de haver leis, autoridades e Estado.

Em 16 de novembro de 2009 foi publicado no Diário Oficial do Estado o parecer da Procuradoria Geral, que manteve o policial na Corporação. O entendimento da PGE foi de que "não restou comprovado se o homicídio fora realizado com dolo, com culpa ou em legítima defesa".

A reportagem do OD tentou encontrar a sequência do processo no Tribunal de Justiça, mas não foi possível encontrá-la.



 Digoreste News, com Olhar Direto 


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