Governo Bolsonaro é réu confesso sobre caso Covaxin

Se instalou no âmbito do Ministério da Saúde um verdadeiro balcão de negócios para ganhar dinheiro às custas de brasileiros que estavam morrendo.


 Sábado, 11 de setembro de 2021 

O senador Randolfe acredita que serão necessárias mais duas semanas de depoimentos para finalização dos trabalhos e para que, na última semana de setembro, se tenha a leitura e conclusão do relatório da CPI. 

Segundo Randolfe, ainda assim, já há algumas certezas: 'se instalou no âmbito do Ministério da Saúde um verdadeiro balcão de negócios para ganhar dinheiro às custas de brasileiros que estavam morrendo'.

Em entrevista à imprensa, o senador falou sobre a retomada dos trabalhos na CPI da Covid. Randolfe comenta sobre medida de força coercitiva em alguns casos: 

'nós não aceitaremos tanto de Marcos Tolentino quanto de Marconny Faria qualquer tipo de protelação ou obstrução aos trabalhos dessa comissão parlamentar de inquérito'. 

Randolfe também falou sobre a atuação lobista de Marconny: 'ele é o senhor de todos os lobbys'.


COVAXIN

Fechado em 25 de fevereiro, o contratado para a compra das 20 milhões de doses da Covaxin foi o mais célere entre os seis imunizantes negociados pelo Ministério da Saúde, e também o mais caro —15 dólares por unidade, num total de 1,6 bilhão de reais; A famigerada vacina da Pfizer, por exemplo, custou 10 dólares por unidade, e o Governo levou 330 dias para fechá-lo, enquanto os trâmites para adquirir as doses da Covaxin não chegaram a 100 dias, de acordo com levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) enviado à CPI da Pandemia. A velocidade teria sido fruto de “pressão atípica”, segundo disse ao MPF o servidor Luís Ricardo Miranda, então coordenador de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.

O Ministério Público investiga o caso desde que o contrato foi firmado, em fevereiro, e passou tratá-lo no âmbito criminal. No fim de abril, o jornal Folha de S.Paulo já tinha revelado as suspeitas do MPF sobre favorecimento à empresa Precisa Medicamentos, que representa no Brasil o laboratório Bharat Biotech, responsável pela Covaxin. O fato de haver um intermediário na negociação, ao contrário do que ocorreu com todos os outros fabricantes, é outro motivo de suspeita para os procuradores. Também não ajuda aos investigados o histórico da Global Gestão em Saúde, sócia-controladora da Precisa, investigada por ter assinado um outro contrato para fornecer medicamentos de alto custo ao Governo, de 20 milhões de reais, e não ter entregue os produtos. Em meio à negociação da Covaxin, a empresa também conseguiu um aditamento (um acréscimo) em um contrato para a venda de preservativos feminismos à pasta (passou de 15,7 milhões de reais para 31,5 milhões de reais), segundo reportagem da CNN. Presidente da Global, Francisco Emerson Maximiano foi um dos convocados para depor à CPI.

Depoimento de servidor e encontro com Bolsonaro

O caso esquentou consideravelmente, quando vazou o depoimento em que o servidor Luís Ricardo Miranda denuncia à procuradora Luciana Loureiro as pressões pela vacina Covaxin no Ministério. E a temperatura aumentou ainda mais, quando o deputado Luis Miranda (DEM-DF), irmão do servidor que denunciou o caso ao MPF, revelou ter alertado Bolsonaro sobre a questão por meio de um assessor do presidente. “Avise ao PR que está rolando um esquema de corrupção pesado na aquisição das vacinas dentro do Min. da Saúde. Tenho as provas e as testemunhas”, escreveu Miranda ao assessor, segundo uma das mensagens que vieram a público. Os irmãos Miranda também dizem te se encontrado pessoalmente com o presidente, que teria prometido investigar as denúncias, mas, não teria feito por ter participação no esquema. 


Filho mais novo do presidente envolvido

Recentemente, documentos da CPI mostram que Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente,  abriu empresa com ajuda de lobista alvo da comissão

Jair Renan, trocou pelo menos uma centena de mensagens com o lobista. Em um dos diálogos, revelados pelo jornal Folha de S.Paulo, Marconny oferece ajuda para Jair Renan abrir uma empresa. A TV Globo também teve acesso às mensagens.

Em uma das mensagens, o lobista diz a Jair Renan: “Bora resolver as questões dos seus contratos!! Se preocupe com isso. Como te falei, eu e o William estamos à sua disposição para te ajudar.”

O filho do presidente responde: “Show irmão. Eu vou organizar

Com Allan a gente se encontrar e organizar tudo.” Allan Lucena é sócio de Renan Bolsonaro.

Cinco horas mais tarde, Jair Renan diz que precisa abrir um processo para registrar INPI marcas e patentes e um registro de microempreendedor individual.

Informações e documentos provam que o filho do presidente, de fato abriu a empresa.


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