Chamado de "chefe da lavanderia" de empresa investigada, Cuiabano se cala em CPI e tem sigilos quebrados
Trento é filho de uma família cuiabana que atuou no ramo de supermercados, conhecido nas décadas de 80 e 90 por TRENTO JR
Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (23), o diretor institucional da Precisa Medicamentos, o Cuiabano Danilo Trento, decidiu permanecer em silêncio diante de diversos questionamentos que envolvem sua relação pessoal e comercial com outros investigados pela comissão.
O empresário obteve no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de não responder a perguntas que pudessem incriminá-lo. Diante das seguidas recusas de Trento a dar respostas aos questionamentos, a comissão aprovou a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático do depoente.
Sobre sua relação com Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, Trento afirmou que é seu “amigo pessoal”.
Mas ele não quis responder se é remunerado pela empresa, se tem sociedade com Maximiano em alguma outra companhia ou se os dois juntos têm algum negócio. “Senhor senador, com o devido respeito, irei exercer o direito a mim assegurado de permanecer em silêncio”, disse.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que o silêncio acabaria incriminando o empresário.
Segundo o senador, a comissão tem um “emaranhado de engrenagem” que mostra a passagem de dinheiro entre empresas ligadas a Maximiano e a Trento. Para a comissão, as movimentações indicam que pode haver lavagem de dinheiro nos negócios.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), vice-presidente da CPI, afirmou na manhã desta quinta-feira (23) que Trento é o “chefe da lavanderia de dinheiro" do esquema da Precisa Medicamentos.
A empresa entrou na mira da CPI por ter intermediado a compra da vacina Covaxin entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica indiana Bharat Biotech, em uma negociação sobre a qual pesam suspeitas de corrupção.
Segundo Randolfe, Trento teria usado uma rede de empresas para fazer a lavagem de dinheiro da Precisa.
O parlamentar afirmou ainda que o esquema comandado por Trento, que é diretor institucional da Precisa, envolve uma empresa investigada pela Polícia Federal por tráfico de drogas.
Danilo Trento é suspeito de associação ao empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos. A empresa atuou como intermediária de um contrato de R$ 1,6 bilhão para a aquisição, pelo Ministério da Saúde, de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, contra a covid-19. O contrato foi suspenso pelo ministério, após suspeitas de irregularidades, incluindo fraudes em documentos e pedido de pagamento adiantado em um paraíso fiscal.
Trento é filho de uma família cuiabana que atuou no ramo de supermercados, conhecido nas décadas de 80 e 90 por TRENTO JR
Na CPI, o diretor da Precisa se cala sobre relação com dono da empresa, lobistas e ex-diretor da Saúde
Danilo Trento também não quis responder se participou de reunião no BNDES na qual esteve presente o senador Flávio Bolsonaro. Diante do silêncio do depoente, comissão aprovou a quebra de seus sigilos.
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