Ceramista com técnica milenar, dona Eugênia receberá recursos para sua arte

 "ÚLTIMA GUARDIÃ" 


 Quinta-feira, 30 de setembro de 2021 

Por "Suelme Fernandes"

O barro vem por doação de amigos e vizinhos. Em seguida, é hora de Eugênia Vieira Costa colocar a mão, literalmente, na massa: de estrutura pastosa, a argila se transformará em vasos, cumbucas e vasilhas.

Mas não é “só isso”: aos 64 anos de idade, Dona Eugênia, como é mais conhecida, é a guardiã de uma técnica milenar no mundo cerâmico. Aliás, provavelmente ela seja a última ceramista da região de Rosário Oeste, em Mato Grosso, a fazer o chamado “catipé” ou “cariapé”.

A técnica, segundo estudos arqueológicos, é um tipo de “tempero” utilizado na cerâmica que consiste na utilização de cinzas durante o processo de queima do barro, que neste caso é realizado em uma espécie de forno de chão.

As cinzas são obtidas por meio da queima de cascas de árvores do Cerrado. Como tudo é bastante rústico, é também Dona Eugênia que se embrenha no mato para recolher as cascas destas árvores.

O conhecimento milenar – passado de geração em geração na família de Eugênia – terá seu reconhecimento a partir deste ano. É que ela foi uma das contempladas pelo Edital Movimentar, via Governo do Estado de Mato Grosso.

Com o edital, a ceramista terá a possibilidade de adquirir os materiais para feitura de suas peças, já que hoje Eugênia tem uma vida humilde e muitas vezes tem dificuldade de compra-los, e também terá peças em exposição permanente na Fundação de Cultura e Turismo (FUNCULTUR), do município de Rosário Oeste.

Outro objetivo é que a visibilidade da ceramista, por meio do Edital Movimentar, faça com que seu trabalho seja conhecido em mais locais e ela reconhecida como mestre da cultura e guardiã da técnica cerâmica catipé.





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