Após intervenção de Bolsonaro, municípios de MT suspendem vacinação de adolescentes sem comorbidade

Nota técnica foi publicada no sistema do MS por orientação de Bolsonaro menos de 24 horas após o início da campanha para esse público


 Sexta-feira, 17 de setembro de 2021 

Um dia após recomendar vacinação contra a Covid-19 para adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidade, o Ministério da Saúde (MS) recuou e suspendeu a imunização das pessoas que integram essa faixa etária sem doenças pré-existentes. 

Estranhamente, neste caso, não foi a medicina quem determinou a paralisação. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quinta-feira, que partiu do "não médico" presidente Jair Bolsonaro a orientação para rever a vacinação de adolescentes no País

Em Mato Grosso, ao menos cinco municípios já tinham anunciado a imunização dos menores e suspenderam a aplicação da primeira dose neste público.

Entre essas cidades está Jaciara (145 km ao Sul de Cuiabá). “Em razão disso, a vacinação dos adolescentes, com 13 anos, marcada para o período da tarde hoje (ontem) foi cancelada”, informou a Prefeitura Municipal. No entanto, a coordenadora de imunização de Jaciara, Francielly Carnaúba, esclareceu que quem tem entre 12 e 17 com a algum tipo de deficiência ou comorbidade deve vacinar normalmente.

A medida também foi tomada pela Prefeitura de Campo Verde (130 km da Capital). “A Secretaria Municipal de Saúde havia começado a imunização de adolescentes saudáveis nessa quarta-feira (15). No entanto, com a nova determinação do órgão federal, está suspensa a vacinação até segunda ordem”, frisou. Os demais municípios são Campo Verde, Dom Aquino, Barra do Garças e Poxoréu.

Em Cuiabá, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou o recebimento da nota técnica enviada pelo órgão federal de saúde e frisou que ainda não havia iniciado da vacinação deste público por não ter recebido as doses específicas. A SMS informou que irá seguir as determinações do Ministério da Saúde.

Já Várzea Grande, iniciou a vacinação de pessoas de 15 a 17 anos sem doença pré-existente ainda ontem (16). No entanto, a administração municipal iria reunir a equipe técnica e de infectologia para analisar a nova decisão da pasta.

Na nota técnica enviada às secretarias de Saúde, a pasta informa que “revisou” a recomendação e justifica que a maioria dos adolescentes sem comorbidades acometidos pela Covid-19 demonstra evolução “benigna”, apresentando-se assintomáticos. A nota foi publicada no sistema do Ministério da Saúde às 21h30 de quarta-feira (16), ou seja, menos de 24 horas após o início da campanha para esse público.

No entendimento contrário de Jair Bolsonaro, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) emitiu nota esclarecendo que a imunização de todos os adolescentes é segura e necessária, priorizando neste momento aqueles com comorbidade, deficiência permanente e vulneráveis como os privados de liberdade e em situação de rua.

“Havendo quantitativo de doses suficientes para atender a estas prioridades deve imediatamente ser iniciada a vacinação dos demais adolescentes”. Esclareceu ainda que em ofício 359/2021 solicitou dar prioridade à dose de reforço de todos idosos com 60 anos ou mais e que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a indicação da vacina da Pfizer, para crianças com 12 anos de idade ou mais.

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