Acrimat explica como funciona o ciclo pecuário do gado de corte

O aumento no abate de fêmeas compromete a produção de bezerros nas fazendas e a sua oferta no mercado.


 Quarta-feira, 18 de agosto de 2021 

O ciclo pecuário, formados por uma série de atividades como o abate de fêmeas, a formação dos preços do bezerro e do boi gordo e como estes fatores acabam se relacionando de forma cíclica, dá forma a atividade pecuária, e conhece-lo facilita na tomada de decisão para gerenciar a produção, os riscos e obter melhor rentabilidade.

As projeções dos analistas são de que 2020 tenha apresentado a maior retenção de fêmeas da última década, e a falta de matriz diminui a oferta de animais prontos para abate no país.

Mas apesar do número de abates ter diminuído, ele continua dentro da média histórica do 1º semestre. Nos seis primeiros meses deste ano foram abatidos pouco mais de 2,6 milhões de cabeças de gado, um pouco inferior ao número registrado há seis anos (2,72 milhões). No comparativo com 2020, o número também se mantem dentro da média histórica: 3 milhões.*

O abate de fêmeas gera impactos em toda a cadeia pecuária e resultam em épocas de alta e baixa nos preços da arroba; e com o bezerro também em preços recordes, cotado acima de R$ 2,5 mil, o preço da arroba estacionou acima dos R$ 300.

Mas existem outros fatores que interferem na capacidade de ofertas de animais para abate. Vejamos: a pecuária de corte é uma atividade influenciada por comportamentos sazonais que geram respostas no preço da arroba. Cerca de 60% da produção nacional de bovinos depende exclusivamente de pastagens, e a seca prolongada que rege o clima da região Centro-Oeste por mais de dois anos, contribuiu para agravar a escassez na oferta de animais em 2021.

E se a seca é prolongada, ela afeta a produção de milho e soja. Em Mato Grosso, ela tem interferido na produção dos principais insumos usados na engorda animal: o milho e o farelo de soja.

E esse comportamento sazonal do mercado pecuário, com ciclos de alta e de baixa oferta, determina a quantidade de animais aptos a irem para o abate.

O volume disponível de animais prontos para abate não possui relação direta com o tamanho do rebanho, mas com estes fatores: falta de matrizes, períodos prolongados de seca e a consequente quebra de safras.

E a quebra de safra deste ano foi uma das maiores da última década, provocando custos mais altos e mercado interno mais fraco.

*Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA-MT)


Abate de fêmeas

O abate de fêmeas gera impacto em toda a cadeia pecuária e resulta em épocas de alta e baixa nos preços da arroba. Dessa forma, quando reduz o preço pago pelo bezerro há uma tendência coletiva em aumentar o abate de fêmeas. A redução na margem de lucro da fase de cria impulsiona os pecuaristas a enviarem as matrizes para o abate na tentativa de melhorar a receita da fazenda.

No primeiro trimestre do ano, há uma maior oferta de boi gordo e o abate de fêmeas contribui para pressionar o preço da arroba para baixo.  Esse é um momento em que muitos produtores deixam a pecuária, pois outras atividades passam a ser mais atrativas.

O aumento no abate de fêmeas compromete a produção de bezerros nas fazendas e a sua oferta no mercado. Isso prejudicará a próxima safra, pois reduzirá o estoque e, portanto, haverá menos animais para a reposição e abate.

Assim, a menor safra de bezerros decorrente do abate de fêmeas, resulta em uma quantidade menor de animais para atender a demanda. Neste momento, com a oferta restrita de boi gordo, o preço da arroba sobe, de acordo com a lei da oferta e da demanda. 


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