Castello Branco recusou pedido de Bolsonaro para colocar R$ 100 milhões em publicidade na Record e SBT

Preço dos combustíveis seria apenas o pretexto para o afastamento de presidente da Petrobrás. Conselheiros resistem a mudanças


 Domingo, 21 de Fevereiro de 2021 

Alguns membros do Conselho de Administração da Petrobras tiveram uma reunião hoje com o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que garantiu a eles que nada mudaria no mecanismo de reajuste de preços da estatal. Os conselheiros não se convenceram, e perguntaram ao ministro o por quê da mudança na presidência da Petrobras, se o governo não queria mudar a política de preços adotada.

Lembraram que nos próximos dias a empresa vai divulgar um balanço com resultados excelentes, e o que deveria ser motivo de fortalecimento econômico da Petrobras acabou se transformando em prejuízos bilonários. Os conselheiros que não estão aceitando a demissão de Roberto Castello Branco se preocupam com mudanças que afetem contratos e acordos já firmados, no Brasil e no exterior, prevendo sanções por quebra de compromissos.

Até mesmo o estatuto da estatal será afetado, pois o  presidente da Petrobras no governo Temer, Pedro Parente, incluiu nele o compromisso com os acionistas. Na reunião hoje, conselheiros advertiram o ministro Bento Albuquerque que qualquer decisão que não tenha base técnica poderá ser barrada no Conselho.

Reclamaram dos primeiros comentários do futuro presidente, General Joaquim Silva e Luna, que disse que a empresa deveria balancear questões sociais nas suas decisões econômicas.  O preço dos combustíveis parece ter sido apenas o pretexto para o afastamento de Roberto Castello Branco, que já vinha enfrentando problemas no relacionamento com o Palácio do Planalto.

Castello Branco havia recusado um pedido do governo para colocar R$ 100 milhões em publicidade nas redes de televisão Record, do bispo Macedo, e SBT, de Silvio Santos. Em outra ocasião, foi instado a participar de um grupo de empresas que compraria vacinas para serem utilizadas por empresas privadas, e achou que não deveria participar. 

O esquema acabou não dando certo porque várias empresas, como a Petrobras, consideraram que seria inadequado financiar vacinação privada enquanto a vacinação do SUS está encontrando dificuldades devido à falta de doses suficientes.




Digoreste News, com informações de Merval Pereira/O Globo


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