SECOM usa tática vil, aderindo à campanha anti-vacina de Bolsonaro

O "passapanismo" institucional não conhece limites - ou ciência


Nesta terça-feira (01), após o endosso público do presidente da República a apoiadores anti-vacina, a Secretaria de Comunicação do Governo (SECOM), que deveria ao menos parecer um órgão sério, defendeu a afirmação de Jair Bolsonaro, dando voz a quem defende a não imunização da população contra o vírus que já matou mais de 115 mil brasileiros. E a pior parte é que esse "passapanismo institucional" é pago pelos cidadãos.

"O Governo investiu bilhões de reais para salvar vidas e preservar empregos", escreveu a SECOM. Faltou só o adendo sobre a campanha pessoal de "desconscientização" do presidente Bolsonaro, estimulando a população a aglomerar, a não usar máscara, a não seguir regras de distanciamento, a não ficar em casa quando poderia, e a tomar medicamentos sem eficácia comprovada por conta própria.

"Estabeleceu parceria e investirá na produção de vacina. Recursos para estados e municípios, saúde, economia", continuou. Não é mencionado que as parcerias relativas a vacinas foram iniciadas pelo ex-ministro Nelson Teich, que deixou o Governo justamente pela falta de apreço do mesmo para com ética e ciência. E os recursos para Estados e Municípios não foram concedidos de bom grado, pois o chefe do Executivo federal inclusive vetou uma parte dos repasses.

"Tudo será feito, mas impor obrigações definitivamente não está nos planos", encerrou o órgão de comunicação oficial do Governo. Um detalhe interessante é que ninguém nunca falou em obrigar as pessoas a se vacinarem contra COVID-19. Essa é apenas mais uma campanha anticientífica promovida pelo bolsonarismo, para incutir na cabeça dos seguidores que "resistir" à vacina é lutar contra os inimigos imaginários criados por eles próprios.

Colocar nas vacinas, que podem salvar vidas, a pecha de maléficas, quando é a COVID-19 que ceifa vidas e gera crises de saúde e financeira sem precedentes no Brasil e no mundo, é uma tática vil. Quem segue conivente com esse tipo de atitude será tão responsável quanto quem tratou pandemia como "gripezinha" e relativizou vidas humanas.

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