Com o Exército fabricando Cloroquina, General morre de Covid-19

Chefe do Centro de Inteligência do Exército morreu aos 53 anos, idade que não-o colocava no grupo de riscos 


O chefe do CIE (Centro de Inteligência do Exército), general de brigada Carlos Augusto Fecury Sydrião, que estava internado com covid-19, morreu hoje aos 53 anos. Em agosto Sydrião integrou a missão humanitária enviada ao Líbano, chefiada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB-SP) que manifestou em nota condolências à família do militar — que deixou esposa e três filhos.

Natural de Fortaleza, ingressou nas Forças Armadas em 1985, aos 18 anos. O general foi adido militar no Paraguai, atuou no Nordeste e no Batalhão de Polícia do Exército. 

O CIE é um órgão de apoio direto ao comandante do Exército, Edson Pujol. Em nota, a Secretaria-Geral da força lamentou a morte de Sydrião e informou que "o corpo será cremado em cerimônia restrita aos familiares" no município de Valparaíso de Goiás (GO). A causa da morte não foi oficialmente informada. 

A pedido de Bolsonaro, até o dia 23 de julho o Exército já havia produzido 3 milhões de comprimidos de cloroquina para serem distribuídos para a cura do Covid-19. Embora nunca tenha sido provado pela ciência a eficácia do medicamento, Bolsonaro, diferente de todo o mundo científico, insistiu na tese de que o medicamento indicado para malária seria salvaria pacientes acometidos pelo coronavírus. 

Colegas do general também lamentaram a morte dele. O ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Sergio Etchegoyen, elogiou o profissionalismo de Sydrião. "É uma pena. Era moço, não tem idade para morrer. Era uma pessoa muito boa. Ele nos ajudou muito no trabalho de aproximação com o Paraguai, tanto militar quanto na área de inteligência." 

O general Luiz Eduardo Rocha Paiva afirmou que seu filho, que é subcomandante, lidava muito com Sydrião. "Meu filho gostava muito dele, muito prático, tinha desempenho profissional muito bom, tanto que estava no CIE, um cargo de confiança do gabinete do comandante [do Exército]." 

Os amigos afirmaram que Sydrião estava internado com covid-19 há alguns dias. Ele tinha problemas cardíacos. Quando voltou do Paraguai, teve que fazer tratamento do coração e incluir uma ponte de safena, disse Etchegoyen. 

Em nota, o Batalhão de Polícia do Exército de Brasília disse que os integrantes do grupo "se solidarizam com os amigos e familiares deste oficial". "O general Sydrião deixa um grande legado de amor, amizade, camaradagem e profissionalismo."


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