Queiroz pagou 116 boletos da família de Flávio Bolsonaro, diz MP

Flávio lembra que um policial pagou prestação de sua esposa para não sair de um churrasco, mas não fala dos 116 boletos pagos por Queiroz


Acusado de operar esquema de lavagem de dinheiro em “rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do RJ, Fabrício Queiroz pagou 116 boletos referentes a despesas familiares do hoje senador, aponta análise financeira do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ).

Perguntado em entrevista ao jornal O Globo, veiculada nesta quarta-feira (5), sobre o fato do policial militar Diego Sodré de Castro Ambrósio ter quitado um boleto de um apartamento comprado pela sua esposa, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) disse que estava em um churrasco e, para não ter que sair, o PM pagou para ele no aplicativo do seu telefone.

“É a maior injustiça que fazem com o PM (policial militar) que pagou para mim no aplicativo do telefone dele. A gente estava no churrasco de comemoração da minha eleição. A conta estava para vencer e, para eu não sair do evento e ir ao banco pagar, porque eu não tinha aplicativo no telefone, ele falou: ‘Deixa que eu pago aqui para você e depois você me dá o dinheiro’. Foi isso o que aconteceu”, explicou, como se seus crimes resumisse em um boleto apenas, deixando de citar os outros 116 boletos pagos pelo maior amigo da família, Fabrício Queiroz. 

“Além dos dois títulos da família do [então] deputado estadual [Flávio Bolsonaro] comprovadamente pagos pelo requerido Fabrício Queiroz em outubro de 2018, foram localizados mais 114 outros boletos bancários de despesas de planos de saúde e escola das filhas de Flávio e Fernanda Bolsonaro cuja ausência dos respectivos débitos nas contas bancárias do casal permite a ingerência da mesma dinâmica de pagamentos com dinheiro em espécie pelo operador financeiro da organização criminosa, o que representa a quantia total de R$ 261.645,63”, escreveram os promotores no pedido de prisão preventiva de Queiroz.

“Conclui-se que o dinheiro utilizado pelo operador financeiro para pagar as mensalidades da escola das filhas do líder da organização criminosa [Flávio, segundo o MP-RJ] não proveio das fontes lícitas de renda do casal, mas sim de recursos em espécie desviados da Assembleia Legislativa do RJ e entregues pelos ‘assessores fantasmas’ a Fabrício Queiroz”, afirmam os investigadores.

Os promotores fizeram o cruzamento da relação de pagamentos de mensalidades remetida ao MP-RJ pela escola e os débitos registrados nos extratos bancários dos pais das alunas. Apurou-se uma diferença de R$ 153.237,65 entre os valores dos títulos debitados nas contas do casal e a soma das despesas escolares. Segundo o MP-RJ, a quantia corresponde a 53 boletos bancários pagos com dinheiro em espécie “de origem alheia aos rendimentos lícitos dos pais das alunas”.

Os promotores verificaram a ocorrência da mesma dinâmica de pagamentos de boletos bancários com dinheiro vivo no cruzamento de dados entre as quitações das mensalidades do plano de saúde da família e os débitos nas contas correntes de Flávio e Fernanda Bolsonaro.

Foi apurada uma diferença de R$ 108.407,98 entre os valores dos títulos debitados nas contas bancárias e a soma dos pagamentos realizados em favor da Unimed Rio, quantia que corresponde a 63 boletos bancários pagos em espécie, segundo os promotores.

O MP-RJ afirma que as movimentações bancárias atípicas e o contexto temporal nas quais foram realizadas resultam em “evidências contundentes da função exercida por Fabrício Queiroz como operador financeiro na divisão de tarefas da organização criminosa investigada”. O líder desse grupo, segundo os promotores, é Flávio Bolsonaro.

Queiroz era presença constantes também nas festinhas, pescarias e outros encontros da família, aparecendo em centenas de fotos com todos os membros da família. Era a laranja perfeita do suco em cédulas. 







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