Governo Bolsonaro recebe proposta de aplicação ANAL de ozônio para Covid-19

Há o temor de que: Sem que haja uma justificativa técnica, o medicamento passe a ser indicado, como acontece com a Cloroquina


Respondendo pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu na última segunda-feira (3), defensores do uso do ozônio como forma de tratamento para o novo coronavírus. O deputado Giovani Cherini (PL-RS) participou do encontro e apresentou o projeto de tratamento da Ozonioterapia em pacientes com covid-19. A prática ganhou notoriedade após o prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni, defender a aplicação de ozônio, pelo ânus, em pessoas que tiveram diagnóstico do novo coronavírus.

Segundo Cherini, hospitais do Rio Grande do Sul já estão implantando a 'Ozonioterapia' como opção de tratamento. "Um deles é o Hospital Vila Nova, de Porto Alegre", afirma. O grupo foi liderado pela médica Maria Emília Gadelha Serra. 

Nas redes sociais, ela comemorou: "Ozonioterapia na Saúde!". Participaram da reunião o assessor parlamentar da pasta, Gustavo Machado Pires, e o diretor do Deges (Departamento de Gestão da Educação na Saúde), Vinícius Nunes Azevedo. Também estiveram com o ministro os deputados Osmar Terra (MDB-RS) e Darsísio Perondi, além de Airton Antônio Soligo, conhecido como Airton Cascavel, assessor especial do ministro. 


Preocupação 

Médicos também analisam com preocupação a aplicação retal de ozônio como tratamento para pacientes com covid-19. 

"Esta medida não tem nenhuma evidência científica. Até o momento, não temos nenhum medicamento comprovadamente eficaz e seguro nem para a prevenção nem para o tratamento da doença", afirma Leonardo Weissmann, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). 

Segundo o infectologista, ações preventivas continuam sendo fundamentais para reduzir o número de casos. "Medidas de distanciamento de 1,5 a 2 metros entre as pessoas, o uso de máscaras de proteção facial por todos, além de lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou usar o álcool gel a 70%". 

"Se alguém sugere algum tratamento fora do usual, precisa ter justificativa técnica que explique o tratamento. Os experimentos com ozônio não tem nenhuma base científica ou lógica que consigam explicar sua ação no coronavírus", avalia Lauro Ferreira Pinto Neto, infectologista da SBI e professor da Santa Casa de Vitória. 

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) afirmou que médicos estão proibidos de prescrever ozonioterapia dentro de consultórios e hospitais por força de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM 2181/2018). 

"A exceção pode acontecer em caso de participação dos pacientes em estudos de caráter experimental, com base em protocolos clínicos e critérios definidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa", indicou o órgão em nota.

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