A Comunicação Política na Era da (des)Informação

 ARTIGO 


 Por: Diego Lemos 

É comum se dizer que vivemos na ‘Era da Informação’ e, consequentemente, da comunicação. Porém, como dizia o sociólogo Zygmunt Bauman, o excesso de informação desconectada, e por ventura a falta de interesse em realmente investigar e conhecer profundamente cada assunto, possibilita um grande movimento de “desinformação”, com fatos e dados reais sendo misturados com análises meramente opinativas e até mesmo com notícias inverídicas, as tais fake news, que tem se tornado cada vez mais comuns e se parte definitiva do debate político.

Não é difícil perceber que estamos em meio à uma “guerra híbrida”, ou seja, grupos que procuram defender seus posicionamentos ideológicos utilizando-se de técnicas e ferramentas de comunicação, por vezes bastante elaboradas, de exaltar o meu ponto de vista e “destruir” o do adversário.

Neste jogo, o verdadeiro interesse público é deixado ao esquecimento, e praticamente não se discute sobre educação, saúde, segurança, geração de emprego, distribuição de renda e direitos fundamentais porque se está discutindo teorias conspiratórias, negacionismo científico, demonização do outro (seja ele quem for), costumes pessoais, opção sexual e inclinação religiosa, sem falar nos memes e lacrações de todos os lados, mas geralmente esvaziadas de verdadeiro conteúdo político.

A Política, diferente do que se vê e se acredita atualmente, não é meramente uma guerra de opiniões e interesse, isso é fruto de nossa desinformação e condicionamento. Política é uma ciência essencial para a sociedade, pois busca a construção de sínteses, a união das partes em prol do coletivo, dando espaço a todas as vozes para que se possa, aprendendo com todas, encontrar um caminho para o bem comum.

Chegando o tempo das eleições, é ainda mais urgente lembrarmos disso; a comunicação política não pode se resumir ao ataque dos adversários, à propagação de inverdades ou de boatos com o único objetivo de atacar o outro e à discussões rasas que desviam a atenção dos eleitores das questões realmente importantes para a nossa sociedade. 

A Comunicação Política deve ser uma ferramenta de conscientização e de formação da opinião do eleitor, não para seguir a opinião de um candidato, mas sim para pensar por si mesmo nos problemas do país, deve oferecer soluções, oportunidades, e esperança de que não ficaremos eternamente numa guerra em que a comunicação em massa e as redes são usadas como campo de batalha, mas sim que conseguiremos avançar na construção de um país melhor, usando ao nosso favor a diversidade e a criatividade de todos que participam deste processo.

Aos comunicadores, é essencial que busquemos o propósito de nossas campanhas e nossos conteúdos, o de informar, conscientizar, preparar e compartilhar aquilo que é útil e necessário a todos. Ao público, é essencial ter critério ao receber uma informação, não engolir qualquer pílula sem antes checar seu conteúdo e sua procedência, não se deixar levar por argumentos meramente emocionais, que as vezes se aliam àquilo que pensamos para gerar meias-verdades, ou até mesmo grandes mentiras, com o único objetivo de manipular as opiniões e até mesmo o processo eleitoral.

Informação, consciência, boa vontade, compromisso com a verdade e respeito à cada um dos brasileiros, esses devem ser os fundamentos de nossa Comunicação Política, se quisermos de fato construir uma vida melhor para todos.

Diego Lemos
Administrador do Marketing - Marketing Político e Eleitoral. 
Estrategista Digital e Publicitário.



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