Mandetta previu 60 mil mortes em julho, Osmar Terra previu apenas Mil

"Tudo foi dito ao presidente", lembra ex-ministro, deixando clara a responsabilidade de Bolsonaro


O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, concedeu entrevista à Revista VEJA, oportunidade em que falou sobre o livro que conta sua história frente à pasta durante a crise de saúde, até sua exoneração por atritos com o presidente da República. O médico, que infelizmente acertou em sua previsão de 60 mil mortos em julho, conta por que o Governo Bolsonaro nada fez para impedir que se chegasse a esse número.

Perguntado sobre o discurso negacionista do presidente da República, Mandetta lembrou que Jair Bolsonaro "não queria ouvir, não queria saber. Fechou-se no mantra 'tenho que cuidar da economia", e lamentou que ele não tivesse compreendido a gravidade do caso. Sobre o fato de ter previsto que no mês de julho o Brasil poderia chegar à triste marca de 60 mil mortos por COVID-19, o médico destacou que "tudo foi dito ao presidente".

O ex-ministro relatou que, embora alertado, Bolsonaro "começou a se assessorar de pessoas externas, que falavam exatamente o que ele queria ouvir. Teve um ex-deputado que falou que seriam 1000 óbitos". Mandetta não teve problemas em confirmar que se referia à Osmar Terra, cujas teorias já foram classificadas pelo twitter como fake news, haja vista sua capacidade de relativizar dados e mortos como ninguém.

"É, o Osmar era quem mais capitaneava essa tese. Lembro de dizer que quem fizesse previsão dessa doença com base em outras epidemias iria quebrar a cara. E quebrou", concluiu. O ex-deputado e ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra, fez várias previsões que se mostraram falsas com o tempo, baseado em epidemias como dengue e influenza. Ainda assim, há quem o leve a sério. Mais até do que os quase 70 mil mortos em decorrência da pandemia.

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