Deputado Bolsonarista espalha que vacina chinesa tem "células de bebês abortados"

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O deputado estadual Bolsonarista Jessé Faria Lopes, de Santa Catarina, publicou um aviso em suas redes sociais de que a vacina chinesa ‘contém células de bebês abortados’. No mínimo, deve ser um discípulo de Olavo, que já afirmou que a Pepsi também utilizava desse elemento em seus refrigerantes.

“Gostaria de entender que tipo de alucinógeno esse senhor tomou pra escrever um texto tão imbecilizante quanto este. Pior ainda é ter gente acreditando em tamanha barbaridade. Deve estar faltando leitura/estudo ou neurônios”, comenta outro. 

A postagem do idiota e ridículo diz:


“Células de bebês abortados são utilizadas para produção de
vacina chinesa. Será que o Doria vai revelar isso em suas 
coletivas de imprensa?”, diz a legenda da postagem 
que viralizou no Facebook.


Tecidos humanos

A informação de que “células de bebês abortados” foram utilizadas no desenvolvimento da Coronavac é naturalmente falsa. A vacina está em desenvolvimento pela farmacêutica chinesa Sinovac.

Segundo artigo publicado na revista Science, atualmente seis vacinas que estão sendo desenvolvidas contra a Covid-19 usaram culturas de células originadas em dois fetos abortados, um em 1972 e outro em 1985, para produzir componentes da vacina.

A Coronavac, contudo, não está nessa lista. Segundo pesquisadores da companhia, em artigo também publicado pela revista Science, células Vero foram usadas para cultivar os vírus utilizados na produção da vacina. Essa cultura celular, desenvolvida em 1962, foi criada a partir de células renais de uma espécie de macaco africano conhecida como “macaco verde”. Ou seja, não foi feita utilizando fetos humanos como plataforma.

Há 50 anos, culturas celulares desenvolvidas em laboratório a partir de embriões são usados para testar ou produzir medicamentos, vacinas e outros produtos. Uma delas, conhecida como HEK-293, foi criada em 1972 a partir de células renais de um feto abortado nos Países Baixos. Outra, o PER.C6, foi feita em 1985, no mesmo país, a partir de células da retina. As duas foram criadas pelo cientista holandês Alex van der Eb.

As células usadas não são dos próprios fetos, mas suas cópias. Embora tenham se originado em um embrião, elas sofreram modificações e foram replicadas por décadas, em diferentes partes do mundo.

Essas células são usadas para a realização de testes ou para a criação de componentes, e não são um ingrediente em si de vacinas ou medicamentos.


CoronaVac

A vacina da Sinovac é produzida com vírus inativados da Covid-19. Os cientistas infectam células com o vírus para que ele se multiplique. Como explicado acima, os pesquisadores utilizaram cópias de células de macaco nessa etapa, e não cópias de células de fetos humanos.

Em seguida, são coletados e desativados por procedimentos químicos. Uma substância à base de alumínio é adicionada aos vírus inativados e purificados para formular a vacina. Em artigo publicado na revista Nature no início de junho, especialistas explicam que essa substância ajuda a alertar o organismo sobre o invasor e a induzir a produção de altos níveis de anticorpos neutralizantes.

Segundo o Instituto Butantan, o sistema imune costuma reagir a esses preparados com a secreção de anticorpos feitos sob medida contra o patógeno, e com o armazenamento de um conjunto de células que farão mais desses anticorpos quando houver um contato com o patógeno depois da vacinação. Esse método é o mais tradicional de produção de vacinas, e é usado em imunizações contra sarampo e poliomielite, por exemplo.

A informação é falsa e não há evidências de que células de bebês abortados foram – de fato – utilizadas no desenvolvimento da Coronavac. De acordo com o artigo publicado na revista Science, seis imunizações que estão sendo desenvolvidas utilizaram culturas de células originadas em dois fetos abortados, um em 1972 e outro em 1985, para produzir componentes da vacina.


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