Uma indústria verde

   ARTIGO   



Margareth Buzetti*



No momento em que o assunto dominante em todo o mundo são as mudanças climáticas, formas de reverter suas consequências e a preservação ambiental, uma indústria ainda é muito pouco reconhecida no aspecto sustentabilidade: a indústria de reformas de pneus. O segmento é considerado uma indústria verde, já que polui muito menos do que aquela que produz um pneu novo, além de que prolonga a vida dos pneus e oferece a mesma durabilidade.

Trata-se de um setor que cumpre integralmente o tripé da sustentabilidade, ou seja, é ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo. Anualmente, no Brasil, são reformados 11,5 milhões de pneus. Isto significa que 11,5 milhões de unidades deixam de ser jogadas no meio ambiente, pneus que iriam poluir cidades, campos, rios e mares.

Nossa indústria economiza, por pneu reformado, 50 litros de petróleo. Um pneu novo usa 79 litros de petróleo, enquanto um reformado utiliza apenas 29 litros. Estes 50 litros multiplicados por 11,5 milhões de vezes se transformam em uma conta astronômica de litros de petróleo que deixam de ser retirados do meio ambiente.

Lembrando que os combustíveis fósseis são considerados o grande vilão na questão ambiental e um dos maiores responsáveis pelas emissões dos gases do efeito estufa.

Poucas atividades conseguem incorporar de maneira tão completa o conceito de sustentabilidade. A reforma de pneus cumpre um papel ecológico muito importante no sentido de evitar o descarte prematuro das carcaças. Um pneu reformado emprega apenas 20% do material utilizado na produção de um pneu novo, proporcionando a mesma durabilidade original e postergando a destinação final da carcaça. Uma unidade pode ser reformada, em média, duas vezes, gerando três vidas para a carcaça.

O pneu reformado também é culturalmente muito bem aceito pela sociedade. Aproximadamente dois terços dos pneus de caminhões ou ônibus que circulam pelo país são reformados. Um pneu reformado possui rendimento quilométrico semelhante ao novo, com o valor entorno de 70% mais econômico para o consumidor, apresentando uma redução de 57% no custo/km para o setor de transporte. Somos responsáveis pela redução do custo do transporte em um país cuja matriz transportada é eminentemente rodoviária, com 58% do transporte de cargas ocorrendo por rodovias.

A Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR) reúne, atualmente, 1.302 empresas. O setor também contribui significativamente para a economia, com um faturamento nacional de R$ 5 bilhões/ano, impostos na ordem de R$ 300 milhões e 250 mil empregos gerados diretamente.

Nós sabemos da nossa importância e de todos os benefícios que geramos. Mas, a sociedade, não. Os governantes, também não. Ao contrário, muitos nos veem como poluidores do meio ambiente. Uma de nossas missões e atuar para mudar essa imagem.

Assim como todo setor produtivo nacional, são muitos os desafios do setor para empreender e vencer no Brasil. Temos, pela frente, muitas demandas, a começar pela Reforma Tributária que, da forma como o Poder Público vem apresentando, o setor de serviços será severamente afetado. Além disso, temos o desafio do crescimento da economia brasileira, que ainda não alcançou os níveis e números desejados e necessários.

O associativismo é um dos caminhos para vencer os desafios e obstáculos. Acredito que unidos os componentes de um setor se fortalecem, crescem e obtêm vitórias. O trabalho é fortalecer um setor essencial para o Brasil em economia e sustentabilidade.



*Margareth Buzetti presidente da AEDIC e da 
ABR- Associação Brasileira do Segmento de 
Reforma de Pneus




Obs: O entendimento do autor do artigo é de sua responsabilidade, não refletindo necessariamente no entendimento do Digoreste News. 

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