Mauro Mendes tira o Pacu da história de Cuiabá e dá a Várzea Grande

Forasteiros, governador Goiano e deputado Catarinense ignoram a história da capital.


"A seguir nessa linha, aguardem, em breve o Rio Cuiabá será chamado de Rio Várzea Grande"

O governador Mauro Mendes (DEM) sancionou nesta quarta-feira (18.09) a Lei 10.944 que instituí o Cuiabaníssimo PACU como prato típico da culinária de Várzea Grande. A lei foi publicada no Diário Oficial do Estado (Iomat). O projeto é de autoria do deputado Catarinense Dilmar Dal Bosco (DEM)

Antes de aprofundar sobre o ocorrido nessa quarta-feira (18), relembramos matéria divulgada na imprensa em 08 de abril de 2008, dia do aniversário de Cuiabá, veja:

Quem vem a Cuiabá e come cabeça de pacu jamais vai embora. Se for, terá tanta saudade que acabará retornando. Essa lenda, muito viva nas letras de músicas e contos dos poetas regionais, e nas brincadeiras com os migrantes e turistas, tornou-se mais que uma referência histórica da capital mato-grossense, é símbolo da cuiabania.

Na pesquisa Alma Cuiabana, a cabeça de pacu apareceu como maior símbolo da cidade. Citada por 22% dos entrevistados, a lenda venceu símbolos importantes como a Igreja do Bom Despacho, que ficou em segundo lugar com 15,7%, o rasqueado com 15,3%, e a viola de cocho de cocho, instrumento musical, que também teve 15,3%.

O biólogo Marco Antônio Silva Marques não faz cerimônia. Seja em casa ou na peixaria, antes de servir o prato procura saber se o pacu que trarão à mesa vira com a cabeça ou se no cardápio há cabeças ensopadas (ao molho).

Entre as alegações controversas apresentadas pelo autor da fanfarrice, o deputado Dilmar Dal Bosco, que veio do município de Galvão no estado de Santa Catarina, para morar e se dar bem em Mato Grosso, alega que o Pacu é o cardápio principal de Várzea Grande, cidade onde jamais o parlamentar morou.

Não diferente pensa (ou, nem sei se ele pensa) o governador que inclusive já foi prefeito da cidade do Pacu, a capital "Cuiabá", sancionando o controvertido projeto. 

O Pacú é Prato Típico Cuiabano, reconhecido até pelos Gringos. Contos já dizem a décadas que "quem Come cabeça de Pacú não sai mais Daqui" ( De Cuiabá ). Eu cresci ouvindo isso, agora me aparecem um Catarinense e um Goiano para tirar de Cuiabá a história, a marca e o registro que o seu povo construiu e conquistou.

O Pacu já é vinculado à Cuiabá, onde o peixe incluí várias histórias, mitos e lendas. Colocar como prato típico de uma outra cidade somente para fazer média é falta de respeito com a Cuiabania.

Agora eu fico curioso para saber qual a sanção para quem descumprir essa lei, e o que vai mudar na vida daqueles que anseiam por uma saúde de qualidade, por mais segurança pública, emprego, Saneamento, etc.

Num momento crítico que o país e inclusive MT está passando, ver um legislativo e um executivo estadual se empenhar num projeto de lei dessa envergadura (insignificante), além da mudança de destino de uma história centenária, contribui com o desgosto que a população tem tido para com os políticos charlatões.

Lembramos que não existe um prato específico chamado PACU, e sim, diversos pratos são feitos contendo o peixe como ingrediente principal na culinária, tais como: Pacu assado com farofa de couve; Pacu seco com banana ou com mandioca; Pacu Frito; Pacu ensopado, ensopado de cabeça de Pacu, e porque não mencionar a cuiabaníssima: Ventrecha de Pacu? Nos restaurantes de Cuiabá, ganham toques de gourmets e conquistam os mais exigentes e sofisticados paladares.

Pacu assado, Piraputanga na brasa, Mojica de Pintado, Arroz com Pacu seco, Moqueca Cuiabana, Caldo de Piranha, Ventrecha de Pacu frita, Dourado ou Piraputanga na folha de bananeira  Caldeira de Bagre, são pratos nascidos nas barrancas do RIO CUIABÁ e nas baias do Pantanal por obra da inventividade dos ribeirinhos. Percebeu que o Rio não se chama Rio Várzea Grande?

Para fazer informar aos forasteiros Dilmar Dal Bosco e Mauro Mendes, somados a esses, inclui-se a Maria Isabel, a original farofa de banana da terra, a paçoca de pilão feita com carne de charque e farinha de mandioca temperada, o Furumdu, doce preparado com mamão verde, rapadura e canela, o pixé elaborado com milho torrado e socado com canela e açúcar, o bolo de arroz cuiabano, o francisquito, os doces de caju e manga, o inigualável licor de pequi e o afrodisíaco guaraná de ralar que substitui, nas famílias mais tradicionais cuiabana o cafezinho brasileiro. Esses são pratos exclusivos da culinária local, que pode ter passado por desapercebido por alguns políticos e empresários que adentram Cuiabá objetivando apenas se darem bem na vida individual, tocando o "fds" para o coletivo, com desrespeito a história e o seu povo. 

Que o governador não conhece bem, e quem sabe, não interessa saber sobre a história de Cuiabá,  a gente até sabe, lembrando que certa vez, indagado pelo saudoso Walter Rabello em um debate na televisão, Mauro Mendes não sabia falar o nome da rua em que morava, e nem sabia fazer distinção entre o Siriri e o Cururu, como assumiu no mesmo debate. Já o deputado Dilmar, autor dessa peça que não cai bem em um TEATRO, que tem endereço fixo na Cidade de Sinop, conhece bem mesmo sobre Theatrum, e quem for inteligente, pesquise.

Finalizando, isentamos de críticas a população de Várzea Grande, que tem muitas e bonitas histórias a serem registradas, e que não merece, nem aprova a atitude de quem engana a boa fé do povo; (impostor; trapaceiro; embusteiro; enganador; mistificador e vigarista). Registra-se Várzea Grande e o seu povo com os méritos que os tem, e são muitos.

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