A mulher e a participação na política
As mulheres brasileiras ainda lutam pela efetivação da sua participação na política, sobretudo em cargos eletivos, mesmo após oito décadas da conquista ao direito de votar e serem votadas
Reflete-se isso, por exemplo, na baixa participação das mulheres nas disputas eleitorais, ainda que a lei garanta que as chapas sejam compostas por no mínimo 30%, o número de mulheres eleitas está bem aquém desse percentual, o que significa que as mulheres, que somam mais da metade da população brasileira, não votam em mulheres.
Atualmente entre os 81 senadores, apenas 12 são mulheres e na Câmara Federal não representam nem 10% dos 513 deputados.
Outro grande sinal do quanto a política ainda é um espaço majoritariamente masculino, é o fato de que em 129 anos de República, tivemos uma única mulher eleita presidente e que teve o seu mandato cassado pelo congresso nacional, com efetiva participação do Supremo Tribunal Federal
O Impeachment sofrido por Dilma Rousseff foi um recado dados às mulheres de que a política ainda é um campo pouco habitual para elas, que precisam a todo tempo comprovar que estão aptas a assumir cargos públicos.
Outro grande desafio para as mulheres é fazer dos cargos públicos um aliado das suas pautas, pois não adianta eleger mulheres que usarão os mandatos para reproduzir uma lógica machista, excludente e não garantista dos direitos da mulher brasileira em toda a sua heterogeneidade. É necessário que os mandatos femininos sirvam de fato para pensar políticas públicas para as mulheres, sobretudo para aquelas em que o Estado se mantém distante, como as do campo e da periferia das cidades.
É necessário que os mandatos de mulheres pensem políticas nas áreas da saúde, educação, assistência social, acesso à terra e à moradia e, sobretudo, combate e enfrentamento à violência, em um país onde os índices de feminicídio são alarmantes.
Pensando na construção de mandatos de mulheres combativos e representativos, é necessário lançar Projetos que tenham como objetivo mapear, acompanhar, orientar e formar as candidaturas de mulheres, tornando-as realmente disputáveis e pautando as bandeiras históricas das mulheres. É preciso ampliar o número de candidaturas de mulheres, lançando nomes que já possuem um histórico de militância em espaços fundamentais do campo e da cidade.
No tocante à participação coletiva, é importante ressaltar que, Programas de Governo tem que ser construídos democraticamente, ouvindo grupos e entidades, no intuito de manter o ritmo de cumprimento das plataformas do governo, uma vez que os governantes tem que cumprir promessas feitas durante a campanha.
Em plenárias setoriais e territoriais tem que ser ouvidas e construídas as propostas que orientarão o próximo governo. O Programa setorial de mulheres deve ser realizado com a participação ampla de mulheres que atuam em espaços representativos e tiram como eixo principal a prevenção e enfrentamento à violência contra mulher, além da construção de políticas transversais em outras áreas governamentais. É fundamental que as políticas públicas para as mulheres sejam carro chefe para o próximo governo, sobretudo em um momento em que assistimos nacionalmente a um desmonte da nossa política. Infelizmente, uma das iniciativas de Michel Temer foi acabar com a Secretaria das Mulheres, que possuía status de Ministério, além de propor uma série de reformas que atingem diretamente a vida das mulheres. Mais uma prova de que as mulheres ainda tem um caminho longo e árduo para que suas pautas sejam efetivadas.
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