Obras da ferrovia Norte-Sul foram superfaturadas em R$ 108 mi, aponta CGU
As obras da ferrovia Norte-Sul, um dos principais corredores ferroviários do país, foram superfaturadas em R$ 108 milhões.
Dois relatórios do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) indicam que houve irregularidades como pagamentos em duplicidade, preços acima do valor de mercado e uso de madeira podre na obra.
As irregularidades detectadas pelos fiscais do ministério foram encontradas em dois trechos da ferrovia que, juntos, somam 545 quilômetros na divisa dos estados de Tocantins e Goiás até a cidade de Anápolis.
No trechos entregues por Torque/Azvi e Trial/SPA, consórcios contratados pela estatal Valec para realizar a obra, a madeira usada no leito de uma estrada de ferro estava podre. Além disso, em outro trecho foram usados dormentes de concretos cujas peças estavam rachadas.
Em outro ponto, as empreiteiras deixaram de colocar mantas de proteção nas encostas da ferrovia, deixando-as mais suscetíveis a erosão e colocando em risco a operação da estrada de ferro.
Também houve superfaturamento no pagamento de serviços, que estariam acima do valor de mercado. Segundo os fiscais, as irregularidades resultaram em atraso de dois anos para conclusão dos trechos. Os relatórios mostram que, apesar de alguns trechos terem sido entregues pelas empreiteiras com irregularidades, a Valec recebeu e pagou pelas obras, o que dificultaria medidas administrativas ou judiciais para que a estatal obtivesse o ressarcimento dos valores ou a correção dos erros.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Valec disse que "os apontamentos dos relatórios estão sendo analisados" e que "todas as medidas necessárias serão tomadas após o fim das tratativas com a CGU". Os consórcios não se manifestaram.
Desde 2010 a obra consumiu pelo menos R$ 11,7 bilhões. A ferrovia é um projeto que começou há cerca de 30 anos, durante o governo do ex-presidente José Sarney (PMDB), e atualmente possui 1.575 quilômetros de extensão. O corredor ferroviário liga as cidades de Açailândia, no Maranhão, e Anápolis, em Goiás. Um novo trecho foi adicionado, entre Anápolis e Estrela D'Oeste (São Paulo), mas ainda está em obras.
Uol
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