Promotor Zaque pode ter "fraudado" documentos para prejudicar Taques.
Taques acusa promotor de "fraude" e afirma que irá denunciá-lo no CNMP.
Ex-secretário Mauro Zaque foi autor de denúncia contra suposto esquema de grampos ilegais em MT, porém, há indícios de fraudes por parte do Promotor que fez a denúncia, e pode compromete-lo
O governador Pedro Taques (PSDB) revelou, na tarde desta sexta-feira (12), que o promotor de Justiça e ex-secretário de Estado de Segurança, Mauro Zaque, praticou fraudes para tentar prejudicá-lo no palácio Paiaguás. Taques negou que tivesse conhecimento sobre as supostas interceptações telefônicas ilegais que eram feitas no Estado e garantiu que irá protocolar representação contra Zaque no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e na Procuradoria Geral de Justiça.
O esquema de escutas telefônicas ilegais em Mato Grosso é investigado pela Procuradoria Geral da República (PGR). Ao menos 120 pessoas teriam sido grampeadas de modo irregular em Mato Grosso, sem autorização judicial, desde o ano de 2014.
Entre os alvos, estão políticos com mandados, assessores, advogados, jornalistas e até policiais.Também estão na lista membros dos mais variados poderes e até mulheres que trabalham em cargos comissionados no Governo.
A suposta irregularidade foi denominada como "barriga de aluguel". Nela, a inteligência da PM solicitava interceptações de eventuais criminosos – no caso, uma quadrilha de tráfico de drogas e, posteriormente de assaltantes – e incluía nomes de outros alvos.
O ex-secretário de Segurança, Mauro Zaque, foi o responsável por encaminhar denúncia à PGR, na qual afirmou que Pedro Taques tinha conhecimento sobre o esquema criminoso. Para o promotor, o governador teria o crime de prevaricação.
O governador afirmou que Zaque fraudou um protocolo no qual afirmou que Taques sabia dos “grampos” ilegais e foi omisso. “Pra mim, isso é uma fraude. É o mesmo número do protocolo em dois documentos. Ele nunca protocolou isso aqui. Nunca tive a ciência desse segundo ofício e dos documentos que acompanhavam ele. O que tomei conhecimento, mandei ao Gaeco, porque cabe a ele fazer o controle externo, não ao governo. Em tese, fatos graves e crimes podem ter ocorrido. Mas isso não me foi remetido e eu não tinha conhecimento. A respeito disso, que foi dito pelo promotor de Justiça e ex-secretário, Mauro Zaque, quero dizer que nunca pedi, para quem quer que seja, que isso fosse feito. Se foi dito que eu sabia disso, a pessoa que disse vai ter que provar efetivamente isso”, completou.
Taques afirmou que em 2015 teve conhecimento sobre a denúncia anônima que o então secretário de Segurança teria recebido e teria o orientado sobre os procedimentos que deveria tomar. “O Zaque fundamenta que teria me informado sobre a existência de uma central de escutas telefônicas por meio de um ofício. A respeito desse ofício, o doutor Mauro Zaque procurou o Governador do Estado, dando conta que, conforme uma denúncia anônima que ele estava portando, existiria essa central de escutas telefônicas com a participação de membros do Executivo Estadual. Eu disse para ele colocar no papel, aos costumes”, relatou.
Em oito de outubro de 2015, por se tratar de documento sigiloso, Taques contou que Zaque protocolou a denúncia com o chefe de gabinete do governador, o secretário de Governo, José Arlindo. O procedimento teria sido enviado para local diferente do Protocolo Geral, na portaria do Palácio, em razão do sigilo na investigação.
Na data em que o procedimento foi encaminhado a Arlindo, Taques estava no Uruguai tratando sobre a criação do Instituto Mato-grossense da Carne. O chefe do Executivo Estadual contou que teve acesso ao documento assim que voltou ao Estado. “O secretário José Arlindo remeteu o documento a um despacho, em que aguardava a vinda do governador para tomar as providências. Voltei para Mato Grosso em 14 de outubro de 2015, falei com o Arlindo que não tinha atribuições, como governador, para investigar quem quer que seja. Como aqui, em tese, existem fatos ilícitos envolvendo policiais militares, não mandei para a Polícia Militar investigar, mandei para o Gaeco. Fiz um documento, indiquei a arremessa do documento. Tenho cópia sobre isso tudo”, explicou.
O tucano relatou que José Arlindo encaminhou o protocolo para o então secretário executivo de Segurança, Fábio Galindo, encaminhá-lo ao Gaeco. “O Galindo entregou ao Gaeco, que recebeu. Depois de certo tempo, perguntei ao Mauro Zaque o que havia resultado do documento que tínhamos protocolado. Ele respondeu que havia arquivado e eu queria ver a cópia do arquivamento. A cópia veio e temos o documento”, comentou.
REPORTAGEM DO FANTÁSTICO
O esquema das interceptações telefônicas ilegais será tema de uma reportagem do programa “Fantástico”, da Rede Globo, neste domingo. O governador contou que somente descobriu sobre a suposta fraude do ex-secretário de Segurança após ter sido procurado pelo repórter Maurício Ferraz, que o questionou sobre o assunto. “Ontem, o jornalista Kléber Lima, secretário de Comunicação, foi procurado por uma rede de televisão, que informou que sairá, em um programa de domingo, a respeito desse fato. Eu disse ao Kléber para mostrar ao repórter o documento que havia sido protocolado no Gaeco. O repórter nos informou que, além do protocolo do dia 8, que foi feito pessoalmente pelo secretário José Arlindo, o doutor Mauro Zaque tinha feito um segundo protocolo em 14 de outubro de 2015, no mesmo dia em que encaminhei ao Gaeco. Ele teria feito um segundo, juntando vários documentos”, detalhou.
O chefe do Executivo Estadual afirmou que após descobrir sobre o outro protocolo, foi aos arquivos do Palácio tentar descobrir mais informações sobre o documento. Segundo ele, o procedimento não foi encontrado nem em meio físico nem magnético. Ao verificar o número que teria do protocolo, o tucano disse ter encontrado um procedimento da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra). “Batemos no site do Governo do Estado, que todo mundo pode acessar, o número do procedimento que o doutor Mauro Zaque disse que protocolou na portaria. O número é 542635/2015, de 14 de outubro de 2015. Buscamos, no sistema do Governo do Estado, esse número, na mesma data e mesmo horário, é um processo da Sinfra, que não tem absolutamente nada a ver com o protocolo que ele disse que fez na portaria do Estado.”, destacou.
Ele ainda mencionou que pediu ao secretário de Estado de Segurança, Rogers Jarbas, para rastrear, na Sesp, o número do procedimento que Zaque afirmou ter enviado para o Estado, juntamente com os documentos da interceptação. “Existe um número lá, mas fisicamente ele não existe. Portanto, só posso tomar conhecimento de algo que seja do meu conhecimento. Só posso, como governador, tomar providências que meu cargo determina, a partir do momento em que tenho conhecimento do documento. Como posso tomar providência se não conheço o documento?”, justificou.
Conforme o tucano, o procedimento no qual o promotor afirmou que Taques sabia do esquema criminoso, será investigado e as medidas cabíveis serão tomadas. "Eu exonerei o doutor Paulo [Taques] ontem, a pedido, da Secretaria da Casa Civil, para que ele faça do único patrimônio que tenho, que é a minha honra. Ele já protocolou no Ministério Público Estadual e Federal, cópia do que o Mauro Zaque falou. Estou representando o doutor Mauro Zaque na Procuradoria Geral de Justiça. Aliás, já avisei o procurador-geral de Justiça sobre isso, estou representando o Zaque no Conselho Nacional do Ministério Público, porque o CNMP deve saber disso”, declarou.
Folhamax
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