Desde 2013 sabia-se que multiplicação de sindicatos poderia instituir crise política no Brasil
Sindicalizados podem fazer muito barulho, mas quase sempre estão a serviço de interesses político-partidários de origem "esquerda".
De olho na divisão bilionária da contribuição sindical pelo governo federal, uma nova entidade sindical surge a cada dois dias no Brasil. A União destina anualmente mais de R$ 2 bilhões para os mais de 15 mil sindicatos, federações e confederações registrados atualmente no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Na realidade, abrir uma associação de trabalhadores tornou-se um grande negócio, e desde 2013 economistas já alertavam que, em médio prazo, se não houvesse regulação, poderia resultar em uma crise política sem precedentes.
Em vez de alta produtividade associativa, no entanto, parece haver uma situação de descontrole total na concessão de registros para novas entidades sindicais. A estreita relação entre a fabricação de sindicatos com os interesses políticos e partidários fica evidenciada quando se esmiúçam as diretorias destas organizações. A esmagadora maioria opera em estreito controle e influência de siglas de diferentes matizes ideológicas que ocupam várias esferas de poder. Fato inegável, o fenômeno de multiplicação de sindicatos teve início após a subida de Lula (PT) pela rampa do Palácio do Planalto, em 2003.
Se no período da ditadura civil-militar os sindicatos eram sinônimos de luta por democracia e abertura política, com o fim da repressão, em grande medida organizações sindicais se perderam. Muitos se tornaram conservadoras, ainda que mantivessem um discurso progressista. A reestruturação do mundo do trabalho, com a reconfiguração do processo de acumulação de capital iniciada nos anos 70, de certo modo enfraqueceram os movimentos sindicais não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Nesse processo, os dirigentes sindicais tiveram grande parte de culpa pelo esvaziamento dos organismos sindicais.
No primeiro governo Lula deu-se um processo de cooptação da maioria dos sindicatos, sempre no intuito de não incomodar os governos petistas. Neste viés, criar sindicato tornou-se um negócio lucrativo, se aproveitando da partilha bilionária do imposto sindical, sem uma fiscalização real da destinação do recurso. Não é raro haver sindicalistas ostentando padrão de vida incompatível com os rendimentos declarados, com gordas ajudas de custo, viagens com hospedagem em hotéis de luxo, carros com motoristas e outras mordomias mais.
Crise política
Uma mudança drástica na partilha do dinheiro da contribuição sindical e a interrupção de outros benefícios aos líderes sindicais vista ainda em 2013, traria uma enorme crise política ao Brasil. As centrais sindicais e os milhares de sindicatos poderiam convocar uma onda de greves que afetaria fatalmente a economia nacional. Os líderes sindicalistas poderiam usar deste artifício, uma poderosa arma para exercer pressão sobre o governo que, paradoxalmente, ajudou alicerçar esta estrutura fisiológica, nociva e perigosa ao País.
Para se ter uma ideia da rápida expansão sindical na era petista, durante o comando do presidente do PDT, Carlos Lupi, à frente do MTE, entre 2007 e 2011, ou seja, durante o segundo mandato de Lula e o começo da administração da Presidente Dilma Rousseff, foram concedidos 1.457 registros sindicais e outros 2.410 estavam no curto prazo em trâmite na Secretaria de Relações do Trabalho, depois todos tornaram se oficiais. Só o valor repassado às entidades em dez meses pesquisados é o equivalente a toda verba transferida pelo governo federal às prefeituras e ao Estado do Amapá. É na carona dessa arrecadação bilionária que vem crescendo ano a ano o número de sindicatos, caminhando na contramão da tendência mundial de unificações e fusões de entidades.
Para ter direito a uma parte do imposto sindical, basta obter registro junto ao MTE. O valor repassado pelo governo leva em conta o tamanho da base de trabalhadores ou de empresas que a entidade representa e não seu número de filiados. Os R$ 2 bilhões arrecadados pelo governo federal, por meio da contribuição sindical, um imposto obrigatório cobrado de todos os trabalhadores com carteira assinada e do setor patronal, 60% fica com os sindicatos, 15% com as federações, 5% confederações, 10% com as centrais sindicais e 10% com o Ministério do Trabalho.
De fato, boas partes dos sindicatos brotam do nada e não apresentam capacidade técnica de contemplar conquistas e benefícios aos trabalhadores representados. Cria-se no Brasil mais sindicatos em detrimento do fortalecimento das entidades já existentes. Em países como Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos há um movimento contrário no sentido de unificação e fusão de organizações sindicais. Outra questão que vem ocorrendo no Brasil é o aumento de sindicatos de servidores públicos, principalmente de municípios de pequeno porte que, por hora, não conseguem criar estruturas e representatividade para defender os interesses dos filiados, tornando-se instrumento de pressão em mãos de políticos com interesses escusos com o erário.
“Foi assim que o Brasil se tornou uma república sindical”
A cada dois dias é aberta uma associação sindical no Brasil. Após a era Lula, País vive verdadeira “indústria” de organizações que estão de olho nos R$ 2 bilhões que governo repassa para as mais de 14 mil entidades existentes hoje com registro no Ministério do Trabalho
De olho na divisão bilionária da contribuição sindical pelo governo federal, uma nova entidade sindical surge a cada dois dias no Brasil. A União destina anualmente mais de R$ 2 bilhões para os mais de 15 mil sindicatos, federações e confederações registrados atualmente no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Na realidade, abrir uma associação de trabalhadores tornou-se um grande negócio, e desde 2013 economistas já alertavam que, em médio prazo, se não houvesse regulação, poderia resultar em uma crise política sem precedentes.
Em vez de alta produtividade associativa, no entanto, parece haver uma situação de descontrole total na concessão de registros para novas entidades sindicais. A estreita relação entre a fabricação de sindicatos com os interesses políticos e partidários fica evidenciada quando se esmiúçam as diretorias destas organizações. A esmagadora maioria opera em estreito controle e influência de siglas de diferentes matizes ideológicas que ocupam várias esferas de poder. Fato inegável, o fenômeno de multiplicação de sindicatos teve início após a subida de Lula (PT) pela rampa do Palácio do Planalto, em 2003.
Se no período da ditadura civil-militar os sindicatos eram sinônimos de luta por democracia e abertura política, com o fim da repressão, em grande medida organizações sindicais se perderam. Muitos se tornaram conservadoras, ainda que mantivessem um discurso progressista. A reestruturação do mundo do trabalho, com a reconfiguração do processo de acumulação de capital iniciada nos anos 70, de certo modo enfraqueceram os movimentos sindicais não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Nesse processo, os dirigentes sindicais tiveram grande parte de culpa pelo esvaziamento dos organismos sindicais.
No primeiro governo Lula deu-se um processo de cooptação da maioria dos sindicatos, sempre no intuito de não incomodar os governos petistas. Neste viés, criar sindicato tornou-se um negócio lucrativo, se aproveitando da partilha bilionária do imposto sindical, sem uma fiscalização real da destinação do recurso. Não é raro haver sindicalistas ostentando padrão de vida incompatível com os rendimentos declarados, com gordas ajudas de custo, viagens com hospedagem em hotéis de luxo, carros com motoristas e outras mordomias mais.
Crise política
Uma mudança drástica na partilha do dinheiro da contribuição sindical e a interrupção de outros benefícios aos líderes sindicais vista ainda em 2013, traria uma enorme crise política ao Brasil. As centrais sindicais e os milhares de sindicatos poderiam convocar uma onda de greves que afetaria fatalmente a economia nacional. Os líderes sindicalistas poderiam usar deste artifício, uma poderosa arma para exercer pressão sobre o governo que, paradoxalmente, ajudou alicerçar esta estrutura fisiológica, nociva e perigosa ao País.
Para se ter uma ideia da rápida expansão sindical na era petista, durante o comando do presidente do PDT, Carlos Lupi, à frente do MTE, entre 2007 e 2011, ou seja, durante o segundo mandato de Lula e o começo da administração da Presidente Dilma Rousseff, foram concedidos 1.457 registros sindicais e outros 2.410 estavam no curto prazo em trâmite na Secretaria de Relações do Trabalho, depois todos tornaram se oficiais. Só o valor repassado às entidades em dez meses pesquisados é o equivalente a toda verba transferida pelo governo federal às prefeituras e ao Estado do Amapá. É na carona dessa arrecadação bilionária que vem crescendo ano a ano o número de sindicatos, caminhando na contramão da tendência mundial de unificações e fusões de entidades.
Para ter direito a uma parte do imposto sindical, basta obter registro junto ao MTE. O valor repassado pelo governo leva em conta o tamanho da base de trabalhadores ou de empresas que a entidade representa e não seu número de filiados. Os R$ 2 bilhões arrecadados pelo governo federal, por meio da contribuição sindical, um imposto obrigatório cobrado de todos os trabalhadores com carteira assinada e do setor patronal, 60% fica com os sindicatos, 15% com as federações, 5% confederações, 10% com as centrais sindicais e 10% com o Ministério do Trabalho.
De fato, boas partes dos sindicatos brotam do nada e não apresentam capacidade técnica de contemplar conquistas e benefícios aos trabalhadores representados. Cria-se no Brasil mais sindicatos em detrimento do fortalecimento das entidades já existentes. Em países como Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos há um movimento contrário no sentido de unificação e fusão de organizações sindicais. Outra questão que vem ocorrendo no Brasil é o aumento de sindicatos de servidores públicos, principalmente de municípios de pequeno porte que, por hora, não conseguem criar estruturas e representatividade para defender os interesses dos filiados, tornando-se instrumento de pressão em mãos de políticos com interesses escusos com o erário.
“Foi assim que o Brasil se tornou uma república sindical”
Nenhum comentário