BOMBA DA LAVA JATO: Deputada Janaina Riva é citada em inquérito.
MPF apontou transações suspeitas entre Lúcio Funaro e a empresa Floresta Viva, da qual Janaína Riva e o irmão José Riva Junior são proprietários.
15 de abril de 2017
A deputada estadual Janaina Riva (PMDB) e seu irmão José Geraldo Riva Júnior foram citados em um inquérito da Operação Lava Jato, que apura crimes de lavagem de dinheiro envolvendo o doleiro Lucio Bolonha Funaro, acusado de ser o operador dos esquemas do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba.
O documento cita “transações suspeitas” entre as empresas do doleiro e a empresa Viscaya Participações, que atua no ramo de Madeira e Terraplanagem, pertencente a Janaína e Riva Júnior, filhos do ex-deputado José Riva.
A deputada afirmou que não tem conhecimento das transações, e disse que seu pai é quem administra a empresa. O advogado de José Riva confirmou a versão de Janaina.
De acordo com o inquérito, que resultou na prisão de Funaro em julho do ano passado, o doleiro possuía várias empresas de fachada que serviam para lavar o dinheiro ilícito arrecadado por Cunha em seus esquemas.
Entre as empresas estavam a Cingular Fomento Mercantil, a Royster Serviços S/A e a Viscaya Holding Participações. Segundo as investigações, Funaro também se envolveu em diversos esquemas de repercussão nacional, como o Mensalão, Escândalo do Bancoop e Operação Satiagraha.
“Funaro é, ainda, responsável por diversas empresas que não possuem atividade lícita e que continuam a fazer exatamente aquilo que ele fazia e foi apurado - e inclusive confessado por ele - na época do Mensalão: a lavagem de valores para políticos”, disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que assinou o pedido de prisão.
Repasses
Em um dos trechos do documento, Janot cita que a Viscaya Participações é uma das principais empresas utilizadas por Funaro para lavar dinheiro.
“Isto ficou claro não apenas pela grande quantidade de Comunicações de Operações Suspeitas, mas sobretudo porque o próprio Funaro, ao ser questionado sobre a movimentação, afirmou 'ser bem relacionado no meio político e que precisava deste relacionamento para agilizar processos de obtenção de crédito'".
“A Viscaya teve movimentação financeira de aproximadamente R$ 25.000.000,00 entre 26/ 4/2012 e 28/5/2013 em sua conta. Ela recebeu créditos da Contern, da J&F Investimentos S/A e da Eldorado, as últimas do Grupo JBS, ligadas a Joesley Mendonça Batista.
No documento, Janot ainda afirmou que Riva Júnior e Janaina são investigados na Operação Ararath, que apura delitos de corrupção, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro nacional.
Suspeitas
As suspeitas sobre as atividades da Viscaya tiveram embasamento em várias situações. Uma delas é o fato de a empresa ter movimentado R$ 5,3 milhões entre abril e maio de 2013, e cadastrado “várias contas em uma mesma data, ou em curto período, com depósitos de valores idênticos ou aproximados ou com outros elementos em comum”.
Outra suspeita de Janot foi a atipicidade em relação à atividade econômica dos clientes da Viscaya “e movimentação de valores incompatíveis com a atividade”.
“Ademais, a forma de movimentação de recursos era incompatível com empresas que desenvolviam o mesmo ramo de atividade, em especial pela "triangulação" de valores entre as empresas Viscaya, Royster e Araguaia, sem justificativa aparente. Segundo se apurou, as contas da Viscaya e da Araguaia foram abertas em prazos curtos de tempo e apresentam vários elementos em comum, tais como origem dos recursos e endereço comercial. Inclusive, o banco proibiu a emissão de cheques administrativos para a Viscaya, por ter desviado a sua finalidade”,
disse Janot.
Outro lado
A deputada Janaina Riva afirmou que, apesar de a Floresta Viva estar no nome dela, do irmão e da mãe [Janete Riva], quem administra a empresa é o seu pai, José Riva.
"Meu pai era quem administrava a empresa, através de procuração. Então todas as operações são assinadas por ele", disse
O advogado de José Riva, Rodrigo Mudrovitsch, reforçou a posição da deputada e acrescentou que todas as operações mencionadas no inquérito já foram explicadas por Riva no Ministério Público Federal (MPF).
"A empresa Floresta Viva sempre foi administrada por José Riva. Nessa qualidade, sempre foi ele quem tomou as decisões empresariais e prestou conta às autoridades a respeito da empresa. As operações mencionadas no inquérito referido pela reportagem já foram exaustivamente explicadas por José Riva ao MPF em investigações que tramitam sob sigilo. Atualmente, não há qualquer aspecto da vida de José Riva que não tenha sido explicado e documentalmente comprovado ao MPF", disse Mudrovitsch.
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