Policiais do Batalhão Ambiental salvam 159 animais em 2017
Quinta-feira, 09 de fevereiro de 2017. Uma equipe do
Batalhão de Polícia Militar de Proteção Ambiental (BPMPA) se deslocava até uma
propriedade rural no município de Paranatinga (411 Km ao Norte de Cuiabá) para
fazer o resgate de um filhote de onça parda. O animal foi encontrado em estado
grave de desnutrição e foi trazido para cuidados em Cuiabá.
Dias antes, em 31 de janeiro, bem distante dali, a equipe
do BPMPA também havia se deslocado para situação semelhante: o resgate de um
filhote de onça pintada. O animal foi entregue aos policiais por uma pessoa que
mora em uma zona rural do município de Querência (912 Km a Nordeste de Cuiabá).
O resgate dos dois felinos são apenas algumas dentre
centenas de ocorrências atendidas pelo Batalhão de Polícia Militar de Proteção
Ambiental em Mato Grosso.
Somente de 1º de janeiro a 19 de março deste ano, o
batalhão realizou 159 resgates de animais. Desse total, 70 já foram devolvidos
ao meio ambiente. Ainda nesse primeiro trimestre, a unidade confeccionou 532
boletins de ocorrência, 741 Autos de Inspeção, 91 Autos de Infração, 164 Termos
de Apreensão, 65 de notificações e 44 de embargos e interdições.
No ano passado, a unidade resgatou quatro jaguatiricas,
duas onças pardas e duas onças pintadas, entre os 851 resgates de animais
realizados. Desse total de animais, 498 foram devolvidos ao meio ambiente.
O Batalhão de Polícia Militar de Proteção Ambiental atua
desde o ano de 1983 em Mato Grosso, nas atividades de policiamento e
fiscalização ambiental, na proteção da fauna, flora, recursos hídricos e
florestais, das águas e mananciais, na repressão da poluição, caça e pesca
ilegal, queimadas e desmatamento não autorizados.
O efetivo é de 200 policiais militares, distribuídos nas
unidades de Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, Rondonópolis e Barra do Bugres,
municípios que abrangem diversidades de rios, áreas do pantanal mato-grossense
e áreas de fronteira propensa ao tráfico de animais silvestres.
A unidade realiza operações própria e em apoio a outros
órgãos, como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), Instituto de
Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) e Polícia Judiciária Civil (PJC-MT), por meio da Delegacia
Especializada do Meio Ambiente (Dema).
O comandante do batalhão, tenente-coronel PM Rodrigo
Eduardo Costa, afirma que grande parte das ações da unidade é provocada por
denúncias. “Mas realizamos também operações tanto terrestres como fluviais, e
ações em apoio aos órgãos”, disse.
Onças, papagaios e macacos
Atualmente o BPMPA está com 123 animais que foram
resgatados.
Araras, papagaios, baitacas, maracanás, periquitos,
gaviões, falcão, coruja, graia azul, canário da terra, macaco prego, onças
parda e pintada, e veado são algumas das espécies que estão em processo de
recuperação no batalhão para posterior reintrodução ao meio ambiente.
Para realizar os primeiros cuidados a esses animais que,
na maioria das vezes, são resgatados em condições de maus tratos, o batalhão
conta com o Centro de Triagem de Animais Silvestres.
O responsável, 3º sargento PM Joelson de Paula, explica
que quando o animal resgatado chega ao batalhão é recolhido no Centro de
Triagem, onde é feita a observação do animal. “Se percebermos algum
comportamento diferente do que o comum daquele animal, ele passa para o setor
de patologia para verificar a origem daquela anormalidade”, disse.
Conforme o sargento, os animais chegam ao batalhão nas
mais diversas situações, por isso passam por uma quarentena antes de entrar na
unidade. “Ele pode vir com uma bactéria ou uma doença que pode comprometer os
plantéis que já estão no batalhão. Por isso, eles passam por uma triagem e os
primeiros cuidados para posterior reintrodução”, contou.
Os animais resgatados, na maioria das vezes, possuem
sequelas permanentes. No Centro de Triagem é feito o primeiro atendimento e depois
são encaminhados aos hospitais veterinários da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT) ou Universidade de Cuiabá (Unic).
As espécies de animais resgatados variam de acordo com o
período do ano. Em período chuvoso, são mais comuns os resgates de serpentes,
marsupiais e mamíferos. Já entre setembro e outubro, são mais frequentes os
resgates de aves, que estão em fase de procriação, como as araras, papagaios,
periquitos, que são os alvos mais escolhidos pelos traficantes.
“Uma vez que o batalhão intensifica a fiscalização, tanto
nas rodovias quanto em barreiras policiais, aumenta a quantidade de apreensão
desses animais em contrabando”, disse.
De 2015 a 2017, o Batalhão de Polícia Militar de Proteção
Ambiental resgatou 1.631 animais silvestres. Desse total, 1.246 foram
reintroduzidos ao meio ambiente, 272 estavam com sequela permanente e 113
morreram devido às condições extremas em que foram resgatados.
Médico veterinário voluntário do Centro de Triagem de
Animais Silvestres do batalhão, John Beaumont realiza o primeiro atendimento
dos animais resgatados. Ele está há quase um ano atuando no batalhão e conta
que, desde então, cuidou de 380 casos.
O mais raro que ele atendeu foi o de uma arara azul que
chegou no dia 18 de março deste ano. O animal estava sendo criado em cativeiro
e chegou ao batalhão com algumas sequelas. “Ela estava com o comportamento
alterado, não conseguia manter o equilíbrio”, contou.
O profissional explicou que os animais mantidos em
cativeiro desenvolvem comportamento alterado porque muitas vezes não recebem
estímulos mentais necessários para a sua espécie.
O resgate de animal geralmente é feito por meio de
denúncia, por meio do número 190. “Temos uma equipe para fazer esse resgate 24
horas por dia. Nossa principal missão é retirar o animal para que ele não sofra
danos maiores, colocar a população em tranquilidade e devolver esse animal ao
meio ambiente”, explicou o comandante do batalhão, tenente-coronel PM Rodrigo
Eduardo Costa.
Animais por sedex
O sargento ressaltou ainda a nova modalidade de tráfico
de animais silvestres, que é feito por meio dos Correios. “Esse ano já fizemos
três apreensões que foram acionadas diretamente pelos Correios, por meio de
Sedex. São animais exóticos, como serpentes e aracnídeos”, falou.
O batalhão não atende apenas casos de resgate de animais
que seriam traficados, mas também de entrega voluntária. “Muitas vezes, a
pessoa pega um animal pela beleza, mas não conhece o comportamento desse
animal. Quando ele é filhote, é mais tranquilo. Quando começa a crescer e
desenvolver o seu instinto natural da espécie, ele deixa de ser agradável e,
nesse momento, o que acontece é a entrega voluntária”.
Segundo o sargento, hoje o contrabando de animais
silvestres no Brasil está em terceiro lugar entre as modalidades mais rentáveis
de crime, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e de armas.
“Mato Grosso está na área central do País, e por isso
temos várias saídas, várias rotas de fuga para o tráfico, e todos os dias
estamos combatendo esse crime. Diariamente, temos animais trazidos para o
batalhão, que são resgatados não somente por nós, mas também por outras
instituições”, contou.
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